O ar empoeirado e a terra seca e encarniçada não enganam a previsão de calor que nos espera. Saímos do avião papal e temos a sensação de entrar dentro de um forno, sem uma única sombra à vista.
Perfilados, junto à escada estão o arcebispo de Cantuária, Justin Welby e o Moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, este de batina azul e aquele de cor magenta. Ambos sobem ao avião para saudar o Papa Francisco nesta histórica visita ecuménica de paz pelo Sudão do Sul.
Na pista, duas tímidas crianças oferecem flores ao Papa, que chega de cadeira de rodas e é saudado pelo presidente Salva Kirr que, tira o seu famoso chapéu preto de abas reviradas para cumprimentar Francisco.
Uma banda com uma vintena de músicos de farda vermelha e vistosos galões dourados, esforça-se por tocar o hino do Vaticano.
Indiferentes ao calor, um pequeno grupo de fiéis empoleirou-se num passeio e dá vivas ao Papa. Os homens, esticam os telemóveis para fixar o momento e a maioria das mulheres grita de modo estridente, com estalos na língua, como é tradição em África.
No aeroporto e ao longo do caminho há vários carros armados e soldados que seguram a sua metralhadora com um braço e, com o outro, acenam para a comitiva dos jornalistas que se antecipa à passagem do cortejo do Papa.
Milhares de pessoas comprimem-se ao longo da estrada, grupos de crianças fardadas e alinhadas, cantam à nossa passagem e exibem algumas bandeirinhas. Há outras que acenam com pequenos ramos de árvores.
Vêem-se cartazes de boas-vindas com a foto do Papa e até há danças ritmadas com batuques e canções, numa alegria tão contagiante, que até parece não haver por aqui feridas terríveis de violência e derramamento de sangue. É que, neste dia, os sudaneses do sul têm motivos para festejar assim, porque sabem que o ilustre visitante é o Sucessor de Pedro e vem trazer um grande paz, amor e reconciliação para todos.