O Presidente da República salientou esta sexta-feira que “é importante” apurar o que se passou em Tancos, considerando “um pouco excessivo” a legislatura terminar “sem se saber o que se passou dois anos antes”.
“O que é importante é o seguinte, por isso é que é o importante, é, dois anos volvidos sobre o começo de uma investigação criminal, que começou praticamente em cima dos factos, queremos saber o que se passou. Nós, portugueses, queremos saber o que se passou”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
Falando à margem da cerimónia de entrega dos donativos do Bazar Diplomático, em Lisboa, o Presidente da República afirmou que é preciso “saber exatamente o que se passou, e tudo o que seja fazer pré-juízos sobre a matéria, isto é, julgamentos prévios, é errado”.
“Por isso é que eu, quando fui a Tancos, disse [que] temos de ir até ao fundo de tudo, saber o que se passou”, notou, declarando que “tudo o resto são realidades laterais”.
Marcelo acrescentou que a sua “preocupação como Presidente da República foi sempre insistir, insistir, insistir, insistir, mesmo quando parecia morto o assunto, para que se chegasse a uma conclusão”.
“Mas não podemos, nomeadamente, terminar uma legislatura sem se saber o que se passou dois anos antes, isto é, a meio da legislatura, é assim um pouco excessivo”, salientou.
Perante a insistência dos jornalistas, o Presidente salientou que os portugueses querem “uma conclusão”.
“Conclusão quer dizer conclusão da investigação criminal, qualquer que ela seja. E esperamos que chegue antes de dois anos decorridos sobre aquilo que todos nós recordamos que se passou em Tancos”, reforçou.
“Eu, convictamente, acho que vamos saber, que não vai ficar sem resposta, e a resposta efetiva é o resultado da investigação criminal”, salientou o Presidente.
Questionado também sobre uma alegada conversa que o ex-diretor da Política Judiciária Militar diz ter mantido com o Chefe de Estado em Tancos, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que “já disse exatamente o que tinha a dizer” sobre isto.
“Sobre esta matéria, o que eu tinha a dizer foi dito, e foi dito ao longo do tempo, está dito. Disse-o ao longo destes dois anos, aquilo que pensava, aquilo que esperava da iniciativa do processo criminal”, disse, acrescentando que não se irá pronunciar mais sobre esta matéria.
Luís Vieira tinha afirmado na quarta-feira, na comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos, que no dia 04 de julho (um dia após o despacho da ex-procuradora Geral da República Joana Marques Vidal a determinar a direção do inquérito para a Polícia Judiciária civil) os dois tinham conversado em Tancos, e que o Presidente da República se teria disponibilizado a falar com Joana Marques Vidal.
Já na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa tinha explicado que não chegou a falar com o ex-diretor da PJM no dia em que visitou Tancos.
“O que se passou foi tão simples quanto isto. No fim da visita que fiz a Tancos, o senhor ministro da Defesa chamou para perto de mim o senhor, então, diretor da Polícia Judiciária Militar, e disse ‘olhe, eu gostava de falar consigo’”, contou o chefe de Estado acrescentando que “nunca aconteceu isso, até hoje”.
No mesmo dia, o ex-chefe de gabinete do antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes foi questionado sobre o teor desta alegada conversa, pelo que Martins Pereira afirmou que “não se apercebeu” em concreto.
“Que houve a ideia que podia ter sido alguma ação no sentido da sensibilização, talvez, não ficou uma definição de tarefas. Estava barulho e quente na sala. Não estava muito próximo. Não me apercebi se isso foi feito”, respondeu.