Os maus comportamentos humanos são responsáveis pelo aumento do cancro de pele, que mata anualmente 250 portugueses, alerta o presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), Osvaldo Correia.
"Estimamos que haja 12 mil novos casos de cancro de pele este ano em Portugal e mil serão de melanoma", o tipo de cancro mais mortal, salientou o especialista, em Coimbra, numa ação de formação para mais de mais de meia centena de trabalhadores de uma empresa nacional que operam ao ar livre.
Segundo Osvaldo Correia, os melanomas correspondem a entre 5% a 10% de todos os cancros de pele, mas representam três quartos das mortes registadas anualmente no país.
Só a adoção de medidas preventivas, acrescenta, poderá evitar o aumento significativo de cancros de pele que se verifica em Portugal e na Europa, em resultado de comportamentos negligentes na relação com o sol.
Os trabalhadores ao ar livre, como os agricultores e os desportistas, devem ter cuidados acrescidos, que passam pela utilização de protetor solar acima do fator 30, chapéu com abas, vestuário de manga cumprida e óculos escuros com proteção 100% contra raios ultravioleta A e B.
"É preciso estimular vivamente o uso de chapéu que cubra adequadamente as orelhas, porque nas orelhas, no nariz e nos lábios temos muito cancro de pele, que atingem os praticantes de desporto e as profissões ao ar livre", sublinhou.
De acordo com Osvaldo Correia, "o importante é a prevenção primária e assumir cuidados de saber conviver com o sol, não só na praia, mas também na serra, no trabalho e no desporto ao ar livre, seja à semana como ao fim de semana".
"As pessoas não julguem que, pelo facto de estar calor, vão ficar com mais calor vestindo-se, porque as pessoas que são nativas do deserto andam cobertas, as únicas que não andam são os turistas", salientou.
O presidente da APCC salienta que, além da morte, os cancros de pele provocam danos físicos e psicológicos, e cicatrizes deformantes no corpo humano.
No âmbito da responsabilidade social das empresas, o especialista Osvaldo Correia aconselha as administrações a disponibilizarem aos trabalhadores equipamentos de proteção e protetores solares.
Neste verão, a associação promove uma campanha de alerta em relação aos cuidados a ter com o sol em férias e no trabalho, que vai percorrer o país este mês, norte a sul, do litoral ao interior, junto de praias marítimas e fluviais, bem como locais de trabalho ao ar livre, nomeadamente da construção civil e da agricultura.
Durante esta ação, a Mota-Engil Engenharia e Construção e a Fundação Manuel António da Mota, conscientes dos perigos do excesso de exposição solar, promoveram, em parceria com a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), a campanha "Acrescento + Proteção à minha Segurança", iniciativa iniciada em 2017.
O objetivo da iniciativa é proteger os colaboradores dos riscos da radiação UV, adotando medidas de prevenção em contexto laboral de obra, que passam pela disponibilização de protetor solar de forma permanente e pela adaptação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
"Nessa medida, a empresa organizou uma ação de sensibilização na obra do 'Desassoreamento da Albufeira do Açude-Ponte de Coimbra', que contou com a presença do professor Osvaldo Correia e do professor Ricardo Vieira, da APCC", revela a empresa, em nota enviada à agência Lusa.
Durante esta ação, "a Mota-Engil sensibilizou os colaboradores para hábitos de exposição solar saudável, tanto em contexto laboral como em momentos de lazer, incentivando a realização de rastreios e dando a conhecer os principais sinais de doenças oncológicas da pele, demonstrando o seu apoio no apoio à prevenção, através da disponibilização dos materiais e equipamentos necessários".
"A campanha 'Acrescento + Proteção à minha Segurança' continuará a promover ações de sensibilização em obras da Mota-Engil, especialmente nos locais onde há maior incidência de raios UV e onde o risco de exposição solar em excesso é mais elevado", sintetizou a empresa.