José Sócrates acusou a direção do PS de "canalhice" na forma como tem reagido ao decurso da Operação Marquês.
Foi esta a resposta do antigo primeiro-ministro, em entrevista na TVI, quando foi questionado sobre as declarações do socialista Fernando Medina, na mesma estação televisiva.
O presidente da Câmara de Lisboa considerou que os crimes pelos quais Sócrates foi pronunciado na decisão instrutória proferida pelo juiz Ivo Rosa, rompem "laços de confiança" e corroem "a nossa democracia".
Na reação, José Sócrates referiu-se a Medina como "esse personagem" cujas afirmações ouviu com "a devida repugnância".
"Mas o essencial não é esse personagem: falemos, portanto, do mandante que é a liderança do PS e a sua direção. E essas declarações dizem tudo sobre o que realmente pensa o Partido Socialista, ou melhor, a sua direção. O que a direção do PS acha é que pode e deve fazer uma condenação sem julgamento, sem defesa, esquecendo o princípio da presunção de inocência. Essas declarações são de uma profunda canalhice e não quero mais falar sobre isso, porque é penoso", atacou Sócrates.
Para o antigo chefe do Governo e antigo secretário-geral socialista, "o PS devia ter vergonha de desconsiderar aquilo que são os direitos, liberdades e garantias fundamentais que fizeram a cultura do partido quando nos lutamos em 1975 pela liberdade. Nunca Mário Soares o fez, sempre esteve comigo, e sempre tentaram desvalorizar".
"Tomei a decisão correta quando saí do PS porque já não aguentava mais o silêncio. Grande parte desses que dizem essas coisas estão a ajustar contas com a sua própria cobardia moral", rematou.