O presidente executivo (CEO) da Boeing, Dave Calhoun, anunciou esta segunda-feira que pretende deixar o cargo até ao final do ano, depois de concluir o processo de "estabilizar" o futuro da empresa construtora de aviões.
Mas esta não vai ser a única saída da empresa: o presidente do conselho de administração e o diretor executivo da unidade de aviões comerciais também estão de saída.
O presidente do conselho de administração da Boeing, Larry Kellner, não se vai recandidatar e o conselho elegeu o antigo presidente executivo da Qualcomm, Steve Mollenkopf, para lhe suceder.
Já Stan Deal, diretor executivo da Boeing Commercial Airplanes, vai-se vai reformar e será Stephanie Pope, a atual diretora de operações da Boeing, que vai assumir o seu lugar com efeitos imediatos.
A Boeing tem sido alvo de grande escrutínio em termos de segurança depois de mais de cinco anos de problemas com os seus aviões, incluindo dois acidentes fatais do 737 Max em 2018 e 2019 que vitimaram 346 pessoas e, mais recentemente, o incidente com o avião da Alaska Airlines.
O avião Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines tinha em falta quatro parafusos e perdeu uma porta, o que fez com que a aeronave tivesse que aterrar de emergência após descolar em Portland.
Todos estes problemas levaram a várias imobilizações por questões de segurança - a Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos (FAA) ordenou a imobilização de todos os Boeing 737- e a mais de 31 mil milhões de dólares em prejuízos acumulados.
Numa carta dirigida aos funcionários da Boeing, Calhoun descreveu o incidente da Alaska Airlines como "um momento decisivo para a Boeing".
"Os olhos do mundo estão postos em nós", disse ao anunciar a sua rescisão. "Vamos corrigir o que não está a funcionar e vamos colocar a nossa empresa no caminho da recuperação e da estabilidade".
Esta saída surge também na sequência de críticas generalizadas à empresa por parte dos diretores executivos de muitas das principais companhias aéreas do mundo de que a Boeing depende para comprar os seus aviões.
Calhoun tornou-se o centro das atenções de muitos que criticavam a forma como a Boeing era gerida nas últimas décadas, contudo, em entrevista à CNBC esta segunda-feira, assegurou que decisão de sair foi "100%" da sua escolha.
O CEO, que está de saída, informou ainda que decidiu ficar até ao final do ano em vez de sair imediatamente, disse à CNBC por que há "outra montanha para escalar".
"Não vamos evitar o que aconteceu com a Alaska Air. Não vamos evitar o apelo à ação. Não vamos evitar as mudanças que temos de fazer nas nossas fábricas", explicou, acrescentando que se comprometeu com o conselho de administração a ultrapassar a situação.