Arrancou esta segunda-feira em Nova Iorque o julgamento de Donald Trump por suspeitas de fraude fiscal, que pode deferir um duro golpe ao império imobiliário do ex-Presidente dos EUA.
Trump, atualmente a liderar a corrida à nomeação republicana para as presidenciais de 2024, enfrenta acusações de inflacionar o valor dos seus bens patrimoniais em milhares de milhões de dólares para assegurar melhores condições de empréstimos e seguros.
À chegada ao tribunal, acompanhado de um dos filhos, do seu estratego, Jason Miller, e de uma das suas advogadas, Alina Habba, Donald Trump criticou o processo por ser uma "continuação da maior caça às bruxas de sempre".
"Não há crime nenhum, o crime é contra mim", declarou aos jornalistas. Já a sua advogada referiu: "Vamos continuar a lutar na esperança de que exista algum nível de lei e ordem. Apesar de a minha fé no sistema vir com alguma cautela, tenho fé em Donald Trump."
Também à chegada ao tribunal, a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, deixou um novo aviso ao candidato à presidência.
"Por mais dinheiro que alguém pense que tem, ninguém está acima da lei. A lei é, ao mesmo tempo, poderosa e frágil. E hoje, em tribunal, iremos provar o nosso caso."
O gabinete de James quer que Trump seja condenado a pagar um mínimo de 250 milhões de dólares de multas, tendo pedido ao tribunal que o ex-Presidente e os seus dois filhos, Donald Jr. e Eric, sejam para sempre proibidos de fazer negócios em Nova Iorque.
O Ministério Público pede ainda a suspensão temporária, por um período de cinco anos, de todas as atividades imobiliárias da Organização Trump.
Na semana passada, o juiz Arthur Engoron ditou que James conseguiu provar o caso de fraude contra Trump, os seus dois filhos adultos e 10 das suas empresas, destacando, entre outros, o facto de o ex-Presidente ter avaliado a sua casa na Torre Trump como se tivesse três vezes o tamanho atual.
"Uma discrepância desta magnitude, por um agente imobiliário a avaliar o seu próprio espaço habitacional de décadas, só pode ser considerada fraude."
Primeiro Presidente da história dos EUA a ser criminalmente indiciado, Trump enfrenta neste momento mais casos judiciais distintos a juntar ao que hoje começou a ser julgado em Nova Iorque.
Na Flórida foi formalmente acusado de má gestão de documentos confidenciais após ter abandonado a Casa Branca; em Washington DC enfrenta um processo relacionado com os seus alegados esforços para reverter os resultados das presidenciais de 2020, que perdeu para Joe Biden; na Georgia enfrenta um segundo processo relativo às presidenciais de 2020; em Nova Iorque é acusado de pagamentos ilegais à ex-estrela de filmes pornográficos Stormy Daniels para manter secreta uma relação extraconjugal.