Menos "crispação" e namoro ao PS nas reacções à tomada do Governo
30-10-2015 - 15:41

A 9 e 10, o Governo apresentará o seu programa à Assembleia da República. PS, PCP e BE anunciaram a intenção de apresentar moções de rejeição que, a serem aprovadas, implicam a demissão do executivo.

O Presidente da República deu posse ao primeiro-ministro e aos 16 ministros, em conjunto com 36 secretários de Estado. No seu discurso Cavaco Silva alertou que o país se tornará "ingovernável" sem estabilidade política e notou que a esmagadora maioria dos portugueses manifestou nas últimas eleições o apoio à opção europeia "com todas as implicações que daí decorrem". As várias forças partidárias já reagiram.

PS

"Queria saudar o discurso do Presidente da República, sobretudo registar uma redução significativa da crispação que marcou o discurso anterior, isso é bom para todos, é bom para a democracia portuguesa", disse aos jornalistas João Galamba, vice-presidente da bancada parlamentar do PS.

PSD

"Infelizmente o Partido Socialista decidiu trilhar um caminho de aproximação à extrema-esquerda, ao PCP e ao Bloco de Esquerda e ao Partido Ecologista "Os Verdes" e simulou apenas uma negociação com a coligação Portugal à Frente. Nós continuamos abertos a esse diálogo", disse Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD.

CDS

O líder da bancada parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, afirmou que "há sempre condições para o diálogo e para o compromisso". Apesar disso, criticou as negociações à esquerda entre PS, BE, PCP e PEV afirmando "umas reuniõezinhas e um acordo que ninguém conhece".

"Os Verdes"

"O Governo empossado não tem condições para fazer passar um programa na Assembleia da República e, por isso, caso todos os partidos assumam as suas responsabilidades, este executivo será inviabilizado nos próximos dias 9 e 10 de Novembro, dias para os quais está agendada a discussão do programa do Governo, sujeito a moções de rejeição já anunciadas", dizem "Os Verdes" em nota enviada às redacções. Face ao discurso proferido por Cavaco, os ecologistas consideram que o Presidente da República "continua em estado de negação no que respeita ao resultado eleitoral que levou o PSD e o CDS a perderem a maioria" parlamentar.

Bloco de Esquerda

"Acabámos de assistir a uma tomada de posse de um Governo que está a prazo, de um Governo condenado e de um primeiro-ministro que aproveitou esta ocasião para fazer um discurso não de apresentação de um Governo mas já uma pré-campanha eleitoral para 2019", disse a candidata do Bloco de Esquerda à Presidência da República, Marisa Matias. A eurodeputada acrescentou ainda que "a estabilidade, neste momento, está nas mãos da Assembleia da República".

PAN

O deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) considerou que os discursos do Presidente da República e do primeiro-ministro na tomada de posse do Governo foram "expectáveis" face ao actual momento de "divisão e tensão" política em Portugal. Questionado sobre o programa de Governo e eventual apoio a moções de rejeição do executivo, André Silva sublinhou que o PAN analisará "com toda a atenção" os vários documentos e só num momento posterior terá uma "posição política" sobre os mesmos.

PCP

"A durabilidade de qualquer solução governativa resulta das opções políticas que sejam feitas", vincou o líder parlamentar do PCP. Sobre a tomada de posse, João Oliveira lançou críticas ao chefe de Estado e sublinhou as suas responsabilidades pela actual situação política. "É cada vez mais clara a extensão e dimensão da responsabilidade [de Cavaco] pela instabilidade que criou no país ao decidir indigitar Passos Coelho para formar Governo", advogou. Para o PCP, é natural existirem "diferenças de perspectiva" face ao PS nas negociações para a viabilização de um executivo de esquerda, mas os encontros com os socialistas têm decorrido "sem instabilidade e sem perturbação".

[notícia actualizada às 17h45]