Lisboa deixará de receber navios cruzeiro a gasóleo em 2022
05-06-2020 - 16:52
 • Lusa

Revelação feita pelo vereador do Ambiente da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes. Capital terá uma estação de hidrogénio em Carnide até ao “início do ano que vem”.

Os navios de cruzeiros vão deixar de poder utilizar gasóleo quando atracarem em Lisboa, a partir de 2022, segundo anunciou, esta sexta-feira, o vereador do Ambiente da autarquia, José Sá Fernandes.

“Conseguimos chegar anteontem [quarta-feira] a acordo com o Porto de Lisboa para que os cruzeiros a partir de 2022 não usem gasóleo quando atracam em Lisboa. Portanto, que haja eletrificação do porto para não haver poluição atmosférica”, disse o vereador.

José Sá Fernandes falava à agência Lusa à entrada para a Estufa Fria, em Lisboa, onde foi apresentada a nova programação da Lisboa Capital Verde 2020, tendo em conta que várias iniciativas previstas para ocorrer nos últimos meses foram canceladas devido à pandemia da covid-19.

O vereador do Ambiente adiantou também que a capital terá uma estação de hidrogénio em Carnide, na central fotovoltaica prevista para aquele local até ao “início do ano que vem”.

Trata-se da “primeira estação de hidrogénio para abastecer veículos e para armazenar hidrogénio e, portanto, é outra fonte de energia renovável”, salientou.

A cidade de Lisboa vai ainda voltar a ter água de nascente, além de continuar com “o trabalho de água reutilizada”, permitindo que os lisboetas possam poder “voltar a ir buscar água para regas e para lavagens de rua”, destacou o vereador do Ambiente e da Estrutura Verde.

Conferências e obras na Capital Verde


Relativamente à programação da Lisboa Capital Verde, Sá Fernandes recordou que as “três maiores conferências” já não ocorrerão, mas adiantou que haverá “uma grande conferência sobre a saúde pública e sobre a poluição atmosférica, na Culturgest”.

Estão também previstas “várias conferências na Academia das Ciências” e a conferência de abertura da semana verde, que costuma acontecer em Bruxelas e que aconteceria este mês em Lisboa, realizar-se-á em outubro.

Também o Museu da Reciclagem, em Alcântara, que devia ter aberto nestes meses de confinamento, vai ser inaugurado ainda este ano.

“Vamos ter conferências, obviamente, menos do que estávamos a pensar. Vamos ter vários eventos, menos do que estávamos a pensar, mas vamos continuar com as obras, vamos continuar com as iniciativas, vamos procurar informar da melhor maneira possível os cidadãos”, disse, defendendo que Lisboa “fica sempre a perder, mas ganha-se noutras coisas”.

O vereador destacou ainda as obras, “em projeto final”, do Vale da Montanha II e do Vale do Forno, as únicas que faltam para concluir o Plano Verde do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles.

José Sá Fernandes desvendou também os locais dos jardins surpresa previstos abrirem ao longo deste ano, destacando o da Quinta da Alfarrobeira, da Caixa Geral de Depósitos (Av. D. João XXI) e da EPAL, junto às Amoreiras.

“Praticamente todos os meses vamos abrir um jardim novo”, afirmou, referindo que alguns necessitarão ainda de obras.

“Acho que podemos aprender várias coisas com aquilo que a cidade nos ensinou. Esta cidade que ficou parada, que ficou silenciosa, que parecia que se estava a escutar a si própria, e que nós pudemos escutá-la também”, considerou.

É possível "trabalhar mais em casa"


Para o vereador do Ambiente, a sociedade está a aprender, fruto da pandemia de covid-19, que é possível “trabalhar mais em casa” nalguns casos e a “desfasar os horários”, contribuindo para uma cidade mais sustentável e com menos “engarrafamentos nas horas de ponta".

“Hoje é o Dia do Ambiente. Atravessámos aqui momentos difíceis para todos. [Queremos] lembrar bem as pessoas que morreram, que sofreram, que não se abraçam, mas é o Dia do Ambiente. Queremos que seja um dia de esperança. É também nas adversidades que nós devemos ganhar ânimo, que devemos procurar fazer aquilo que temos de fazer”, reforçou José Sá Fernandes.

O presidente da Câmara de Lisboa, por seu turno, defendeu que a “pandemia deu à capital verde uma urgência acrescida” e uma evidência de mudança que as “alterações climáticas não tinham sido capazes de o fazer”.

O período de confinamento foi, na opinião de Fernando Medina, “um momento de maior consciencialização e de força para o compromisso de Lisboa Capital Verde”.