Em Sochi, uma cidade russa na margem do mar Negro, Putin conversou longamente com o presidente turco, Erdogan. Desse encontro saiu um acordo que limita a invasão turca do Norte da Síria e favorece o crescente papel da Rússia no Médio Oriente. Putin aproveita, naturalmente, o vazio deixado pela retirada dos militares americanos e de algum modo compensa o afastamento político (pelo menos temporário) do seu “amigo” israelita Netanyahu.
Putin tinha de conciliar o apoio de Moscovo ao ditador sírio, Bashar al Assad, bem como ao Irão (outro apoiante de Assad), com o “namoro” que tem feito à Turquia de Erdogan – e que já deu frutos, apesar de a Turquia ser um país membro da NATO (a Rússia vendeu aos turcos material de defesa anti-míssil).
Assim, o acordo de Sochi consagra a integridade do território sírio, mas admite uma faixa de 5 km. ao longo da fronteira síria com a Turquia onde os militares turcos mandarão temporariamente. Os militantes curdos, essenciais no combate ao “Estado Islâmico”, mas considerados terroristas por Erdogan, são expulsos de uma faixa de 32 km., o mesmo acontecendo, na prática, aos curdos civis que ali viviam. Segundo a ONU, perto de 180 mil pessoas, incluindo 80 mil crianças, já fugiram daquela faixa, cuja população predominantemente curda andava pelos 3 milhões.
Patrulhas militares mistas de russos e turcos vigiarão o Nordeste da Síria. É provável que Erdogan envie para essa zona mais de um milhão de refugiados sírios.
O ditador sírio Bashar al Assad chamou “ladrão” a Erdogan porque lhe entrou pelo país dentro, mas agradeceu a Putin o acordo de Sochi e a disponibilidade das forças russas para proteger a fronteira síria com a Turquia.
Em suma, como se previa, quem passou a ter forte influência no que se passa naquela região do Médio Oriente é Putin. Que certamente não irá ficar por aqui.