Mais de 63% dos trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram o segundo pré-acordo sobre os novos horários de trabalho na fábrica de automóveis de Palmela, soube a agência Lusa junto de um funcionário da empresa.
Segundo a mesma fonte, 3.145 trabalhadores (63,22%) rejeitaram o pré-acordo e só 1.749 (35,16%) votaram a favor do documento negociado previamente com a administração da empresa e que tinha merecido o voto favorável de todos os elementos da actual Comissão de Trabalhadores.
O pré-acordo agora rejeitado estabelecia os termos do trabalho ao sábado e da laboração contínua (três turnos diários), que deveria ter início depois das férias de Agosto de 2018.
Nos plenários realizados na semana passada, muitos trabalhadores contestaram os termos do novo pré-acordo, pelo que alguns deles já previam este desfecho.
Um trabalhador da Autoeuropa, que pediu anonimato, disse à agência Lusa que os trabalhadores têm sido alvo de muitas pressões ao longo dos últimos anos, mas acredita que a administração da empresa saberá encontrar uma solução para o impasse provocado pelo resultado do referendo.
"Há mais de 20 anos que os trabalhadores da Autoeuropa são alvo de pressões e ameaças. Antes era porque os níveis de produção eram muito baixos e tínhamos de lutar porque a melhoria das condições de trabalho viria quando tivéssemos um produto de grande produção", disse.
"Agora que vamos ter um veículo com uma grande produção, os trabalhadores acabam por ser penalizados na mesma", acrescentou, procurando justificar a rejeição do pré-acordo sobre os horários de trabalho para a produção do novo veículo T-Roc na fábrica de Palmela.
No passado mês de Julho, 74% dos trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram um outro pré-acordo sobre os novos horários que tinha sido negociado pela anterior Comissão de Trabalhadores, a que se seguiu uma greve histórica, em 30 de Agosto, a primeira por razões laborais na fábrica de automóveis de Palmela do grupo Volkswagen.
A anterior Comissão de Trabalhadores apresentou a demissão face à rejeição do pré-acordo no referendo realizado em 29 de Julho.
O trabalho ao sábado (e a remuneração dos sábados, que, nos termos previsto no pré-acordo que hoje foi rejeitado, deixaria de ser pago como trabalho extraordinário), bem como a laboração contínua a partir de agosto de 2018, foram os principais motivos de contestação por parte dos trabalhadores da Autoeuropa.
Contactada pela agência Lusa, a Comissão de Trabalhadores informou que só fará comentários ao resultado do referendo depois de comunicar formalmente o resultado do mesmo a todos os trabalhadores da Autoeuropa.
[actualizado às 23h40]