Depois de quase sete anos a viver exilado na embaixada do Equador em Londres, as Nações Unidas não têm dúvidas: Julian Assange foi vítima de "tortura psicológica".
Segundo Nils Melzer, especialista da ONU em matéria de tortura que avaliou, acompanhado por médicos especializados, o fundador da WikiLeaks no passado dia 9 de maio, Assange, de 47 anos, “foi deliberadamente exposto, durante um período de vários anos, a formas progressivamente mais cruéis, desumanas e degradantes de punição, com efeitos cumulativos que só podem ser descritos como tortura psicológica".
Ainda segundo o especialista das Nações Unidas, "é óbvio que a saúde de Julian Assange foi seriamente afetada pelo ambiente extremamente hostil e arbitrário a que tem estado exposto há vários anos". "A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora!", defende Nils Melzer, citado pela Reuters.
O fundador da WikiLeaks foi entregue a 11 de abril pela Embaixada do Equador às autoridades britânicas, tendo sido julgado e sentenciado a 50 semanas de prisão, no começo de maio, pela violação das condições da sua liberdade condicional.
Mas o fundador da WikiLeaks poderá também ser extraditado para os Estados Unidos, onde a justiça norte-americana o pretende ver julgado, entre outros crimes, por espionagem e publicação de documentos confidenciais. Na origem do pedido de extradição está a colaboração de Assange com a ex-soldado norte-americana Chelsea Manning, que em 2010 forneceu à WikiLeaks mais de 700 mil documentos secretos relacionados com a guerra no Afeganistão
A justiça dos EUA pretende ter igualmente Assange no banco dos réus devido à divulgação de e-mails internos do Partido Democrata durante as primárias norte-americanas, e-mails esses que comprometiam a candidata (acabaria por derrotar Bernie Sanders nas primárias, mas perderia as presidenciais para Donald Trump em novembro) Hillary Clinton.
Nils Melzer recusa tal cenário, pois a ONU teme a condenação à morte do fundador da WiliLeaks.
A audiência de extradição de Julian Assange para Estados Unidos foi esta semana adiada pelo tribunal de Westminster devido a motivos de saúde do fundador do WikiLeaks.