O líder do partido socialista de Espanha, Pedro Sánchez, disse nesta segunda-feira que vai alcançar novo acordo para ser reconduzido como primeiro-ministro e a próxima legislatura deixará "definitivamente atrás" a fratura aberta na Catalunha em 2017.
Sánchez manifestou "confiança plena" em que o acordo com outros partidos, incluindo independentistas da Catalunha e do País Basco, para a sua nova investidura como primeiro-ministro "pode, deve e vai ser alcançada", na sequência das eleições legislativas de 23 de julho.
Falando já nas prioridades da próxima legislatura, o líder do partido socialista espanhol (PSOE), prometeu, numa conferência em Madrid, coerência com aquilo que fez nos últimos anos à frente de um Governo que já foi viabilizado no parlamento por forças nacionalistas e independentistas.
Na última legislatura, o governo liderado por Sánchez indultou dirigentes catalães condenados pela tentativa de independência da Catalunha em 2017 e alterou o Código Penal para eliminar o crime de sedição, que levou à prisão nove independentistas e de que estavam acusados outros ainda por julgar.
Sánchez defendeu nesta segunda-feira que as decisões da última legislatura foram "corajosas, arriscadas e, em algumas ocasiões, também incompreendidas pela sociedade".
"Mas foram tomadas com um fim nobre de que o país precisa, para avançar na solução da grave fratura que herdámos na Catalunha", acrescentou, sublinhando que foram medidas plenamente constitucionais e que funcionaram porque a região está hoje "infinitamente melhor" do que em 2017.
Aposta no diálogo é melhor solução
"A aposta no diálogo e na concórdia são a melhor solução para esta crise. (...) Portanto, chegou o momento de sermos coerentes e continuar a avançar nesse propósito da convivência. A próxima legislatura deve ser a que deixe definitivamente para trás a fratura que vivemos em 2017. E se estes últimos anos serviram para iniciar a etapa do reencontro e da concórdia, os próximos serão os que consolidem a coesão territorial e garantam a convivência em democracia", defendeu.
Sánchez não deu detalhes sobre as negociações com outros partidos e não se referiu de forma concreta às exigências das forças independentistas da Catalunha, que têm colocado no centro do debate público a possibilidade de uma amnistia para os envolvidos na tentativa de independência de 2017.
O líder do PSOE disse, por outro lado, não saber quando será possível a sua nova investidura como primeiro-ministro no parlamento, reconhecendo que as negociações são "uma tarefa complexa e exigente", mas afirmou que Espanha contará "em breve" com um novo governo progressista", que dará "prosperidade, estabilidade e convivência" e que assume "a diversidade territorial e a pluralidade linguística e cultural com orgulho e como parte da força do país".
Sánchez condenou ainda "o tempo de espera inútil" que Espanha está a viver, até 26 de setembro, data do debate e votação de investidura como primeiro-ministro do líder do Partido Popular (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, que reivindicou o direito de ser candidato ao cargo por ter encabeçado a lista mais votada nas eleições, embora não reúna os apoios necessários no Congresso dos Deputados.
O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o Rei de Espanha indicou Feijóo como candidato a primeiro-ministro, cuja investidura tem agora de ser votada pelo parlamento.
O PSOE tem assegurado que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos dos deputados de uma 'geringonça' de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas, que já conseguiu juntar em 17 de agosto, na eleição da presidência do parlamento.