O secretário-geral da da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, emitiu, esta quarta-feira, um apelo internacional face aos sinais de ressurgimento do antissemitismo e da negação do Holocausto, um fenómeno que encontrou um terreno favorável com a atual crise pandémica.
"Os neonazis e as suas ideias estão a ganhar respeitabilidade", denunciou Guterres, numa cerimónia pelo Dia Internacional de Memória das Vítimas do Holocausto, que celebra a libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau pelas tropas soviéticas há 76 anos, e que este ano decorreu de forma virtual devido à pandemia.
O dirigente da ONU lamentou que em diversos países as suas ideias, e a de outros supremacistas, e a negação do assassínio de seis milhões de judeus pelo regime nazi estejam a ser silenciados por certos partidos políticos.
Guterres registou ainda os casos de infiltração na polícia e nos serviços de segurança de alguns países. Também assinalou que o contexto de crise provocado pelo novo coronavírus constitui para esses grupos uma oportunidade para propagar as suas ideias.
"Temos de unir urgentemente e em conjunto os nossos esforços contra o perigo que representam", sublinhou o ex-primeiro-ministro português, ao pugnar pela "coordenação da ação global" para combater o suprematismo e as suas estratégias de "propaganda" e "desinformação".
António Guterres recordou ainda que um dos objetivos da fundação da ONU no final da II Guerra Mundial e a assinatura da Declaração universal dos Direitos Humanos consistiu em terminar com as discriminações e perseguições que os judeus e as suas comunidades sofreram ao longo da História. Algo não se conseguiu, como reconheceu.
"Não há vacina contra o antissemitismo e a xenofobia", alertou, antes de garantir que a organização que representa vai prosseguir a sua ação pela equidade e contra as discriminações.