O cardeal patriarca de Lisboa considera "insuficientes" as alterações introduzidas pelo Bloco de Esquerda ao diploma sobre a gestação de substituição, que será votado novamente no Parlamento após o veto do Presidente da República.
D. Manuel Clemente reitera que a iniciativa de legislar sobre esta matéria foi "precipitada" e que a ligação entre a mãe e o feto "não pode ser cortada depois da gestação".
Questionado pela Renascença sobre as queixas do Conselho de Ética para as Ciências da Vida, que não foi ouvido pelos deputados sobre o projecto de lei em causa, o cardeal patriarca foi peremptório e defendeu que os deputados "deviam ter consultado" aquele organismo.
D. Manuel Clemente falava à margem de uma cerimónia que assinalou a inaugurou da pintura do tecto da igreja de Santa Isabel, em Lisboa, um projecto de reabilitação iniciado em 2013.
Já esta semana a Conferência Episcopal Portuguesa tinha reafirmado a sua oposição às chamadas “barrigas de aluguer” e defendido que o processo legislativo não deveria avançar apesar de o diploma ter sido alterado.
O PSD quer adiar a votação da lei sobre gestação de substituição, prevista para esta quarta-feira. Pedro Passos Coelho quer mais tempo para discutir a legislação e ameaça mudar o seu sentido de voto, se o Bloco não aceitar o adiamento.
O diploma foi aprovado graças a 24 votos favoráveis do PSD, uma vez que a esquerda está dividida nesta matéria. Uma alteração deste tipo pode inviabilizar a aprovação da lei.