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A Comissão Europeia e o Governo italiano travaram esta quinta-feira uma encomenda de 250 mil doses da vacina da AstraZeneca para a Covid-19, alegando que a farmacêutica não cumpriu com as obrigações contratuais com a União Europeia.
A decisão surge depois do novo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, ter avisado que os Estados-membros deviam estar atentos às farmacêuticas e às falhas na entrega de doses encomendadas. Draghi pediu mesmo sanções para as farmacêuticas que não cumprissem com os seus contratos.
Segundo fontes da agência Reuters, a encomenda foi inicialmente travada pelo Governo italiano e a Comissão Europeia veio de seguida ratificar a decisão.
Em causa está um novo mecanismo, aprovado pela Comissão Europeia no final de janeiro, que obriga a que empresas farmacêuticas avisem as autoridades sempre que enviarem doses para países fora da comunidade europeia, necessitando de autorização para concluírem estas encomendas. A medida serve para acelerar o processo de entrega e distribuição de doses na União Europeia, que tem estado atrasada comparativamente a países como Israel, o Reino Unido e os Estados Unidos.
É a primeira vez que a União Europeia trava uma encomenda para um país terceiro. As doses da vacina, desenvolvida numa parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford, foram produzidas numa fábrica perto de Roma, em Anagni.
A Reuters avança ainda que a renovação deste mecanismo de autorizações, que expira no final de março, tem de ser aprovada na Comissão Europeia, mas há vários países reticentes, com receio de que novos travões a encomendas para países terceiros possam causar tensões diplomáticas. Países extra-comunitários que dependem destas vacinas produzidas na União Europeia incluem o Reino Unido, os Emirados Árabes Unidos e o Canadá.
Os desacordos entre a AstraZeneca e a União Europeia continuam, depois de, em janeiro, a farmacêutica ter anunciado que entregaria menos de metade das 90 milhões de doses prometidas para o primeiro trimestre, e que o mesmo se repetira no segundo trimestre.
Face ao atraso na entrega, a União Europeia tem acelerado a aprovação de outras vacinas: a Agência Europeia do Medicamento deve aprovar a vacina da Johnson & Johnson na próxima semana e está a avaliar a Sputnik V, desenvolvida na Rússia.