O Presidente cessante do Brasil, Jair Bolsonaro, transmitiu aos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) a mensagem que as eleições acabaram, disse o juiz do STF Luiz Edson Fachin.
"O Presidente da República usou o verbo terminar no pretérito, ele disse 'acabou'. Portanto, devemos olhar para frente", contou o juiz, citado pelo portal de notícias G1.
Bolsonaro foi à sede do tribunal esta terça-feira após falar com juízes do STF, a quem reafirmou a sua derrota nas eleições presidenciais deste domingo, nas quais Luiz Inácio Lula da Silva se sagrou vencedor e, portanto, voltará a presidir o Brasil por mais quatro anos.
Num comunicado emitido antes do encontro com Bolsonaro, o STF divulgou uma nota afirmando que o Governo reconheceu a sua derrota, que cumpriria a Constituição e chegou até a criticar de forma velada os bloqueios que alguns seguidores têm estado a fazer em várias estradas do país nos últimos dias para protestar contra os resultados das eleições.
"O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições", indicou, numa nota, o STF.
Este comunicado surgiu minutos após Jair Bolsonaro ter discursado esta terça-feira no Palácio da Alvorada, naquela que foi a sua primeira declaração depois de ter perdido as eleições de domingo, tendo apelado aos seus apoiantes que abandonassem os protestos e garantido que respeitará a Constituição.
"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre são bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população", frisou o Presidente brasileiro.
Jair Bolsonaro apelava assim aos milhares de apoiantes que, desde a madrugada de segunda-feira, têm bloqueado várias estradas do país por não aceitarem o resultado das eleições, que Luiz Inácio Lula da Silva venceu com 50,9% dos votos, contra 49,1% obtidos por Bolsonaro.
O Presidente brasileiro deixou também a porta aberta para uma transição, já que disse respeitar a Constituição.
"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar os media e as redes sociais. Enquanto Presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", disse.
Depois deste discurso, Jair Bolsonaro seguiu para a sede do STF para uma reunião com vários juízes.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.