O Papa convida os jovens a não terem medo de testemunhar Cristo, e pede que usem as redes sociais para serem “semeadores” de esperança. O desafio consta da mensagem divulgada esta terça-feira para a celebração da XXXVIII Jornada Mundial da Juventude nas igrejas particulares, que este ano será a 26 de novembro.
Para além dos encontros mundiais, como a JMJ Lisboa – que acontecem a cada três ou quatros anos - a Igreja celebra anualmente a Jornada Mundial da Juventude ao nível de cada diocese. Desde 2021 que, por decisão de Francisco, a JMJ passou a ser assinalada na Solenidade de Cristo Rei - que encerra o ano litúrgico, em novembro - e não, como era habitual até aí, no domingo de Ramos.
Na mensagem divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, o Papa renova os elogios à JMJ Lisboa 2023, reafirmando que “superou todas as expectativas". Diz também que os jovens são "a alegre esperança de uma Igreja e de uma humanidade sempre em caminho", mas essa esperança deve ser alimentada por opções quotidianas concretas.
“Dou um exemplo: nas redes sociais, parece mais fácil compartilhar notícias más do que notícias de esperança. Assim deixo-vos uma proposta concreta: tentai compartilhar cada dia uma palavra de esperança. Tornai-vos semeadores de esperança na vida dos vossos amigos e de quantos vos rodeiam”, para que essa esperança seja "uma pequena lanterna para os outros”, sublinha.
Para o Papa "a esperança cristã” não deve ficar guardada, é para partilhar. "Aproximai-vos em particular dos vossos amigos que talvez aparentemente sorriam, mas por dentro choram, carentes de esperança. Não vos deixeis contagiar pela indiferença e pelo individualismo: permanecei abertos como canais por onde a esperança de Jesus possa fluir e difundir-se nos ambientes onde viveis”, escreve ainda.
O texto divulgado pelo Vaticano aprofunda o tema ‘Alegres na esperança’, que "não é um otimismo fácil”, mas “é a certeza, enraizada no amor e na fé, de que Deus nunca nos deixa sozinhos".
"Vivemos num tempo em que para muitos, mesmo jovens, a esperança parece ser a grande ausente”, sublinha o Papa, referindo as “experiências de guerra, violência, bullying e várias formas de mal-estar”, que provocam “desespero, o medo e a depressão”, levando muitos a sentirem-se “como que encerrados numa prisão escura, incapazes de ver os raios do sol. Demonstra-o dramaticamente a elevada taxa de suicídio entre os jovens de vários países. Em semelhante contexto, como se pode experimentar a alegria e a esperança, de que fala São Paulo?", pergunta.
"Uma parte da resposta de Deus", diz o Papa, está em cada um, fazendo "nascer a alegria e a esperança, mesmo onde parece impossível". E dá como exemplo o filme "A vida é bela", de Roberto Benigni, que retrata como um jovem pai consegue, "com delicadeza e imaginação, transformar a dura realidade" dos horrores da II Guerra Mundial e do trágico cenário dos campos de concentração, ao proteger o filho com “olhos de esperança”.
“A esperança cristã não é negação da dor nem da morte, mas celebração do amor de Cristo ressuscitado que está sempre connosco, mesmo quando parece distante”, afirma ainda, lembrando que só com oração se mantém acesa “a centelha da esperança”. Aconselha, por isso, a que diariamente se reserve “tempo para descansar em Deus, face às ansiedades que nos assaltam”.
Nesta mensagem para a JMJ, o Papa considera, ainda, que este é o momento para reler as conclusões do Sínodo dos Jovens, de 2018, e a Exortação Apostólica ‘Cristo Vive’, publicada em 2019. “Os tempos estão maduros para fazermos, juntos, o ponto da situação e trabalharmos com esperança para a plena implementação daquele Sínodo inesquecível", afirma.