O presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, João Paulo Batalha, classifica a decisão de encaminhar o processo de Manuel Vicente para Angola uma "decisão política tomada por uma instância judicial portuguesa".
Em entrevista à Renascença, João Paulo Batalha defende que a decisão "não tem sustentabilidade judicial" e, por isso, só pode resultar de incompetência ou de "uma capitulação".
"Esta decisão é, na melhor das hipóteses, um atestado de impunidade a Manuel Vicente, passado por miopia do Tribunal da Relação de Lisboa. Na pior das hipóteses, é uma capitulação às pressões politicas que foram feitas abertamente pelo regime de Angola e, na penumbra, mas feitas na mesma pelo governo português", critica.
"Não há qualquer sustentabilidade judicial e, portanto, ou é fruto de incompetência ou uma capitulação perante as pressões politicas, como se viu pela reacção imediata, quer do primeiro-ministro quer do Presidente da Republica, que ficaram agradados e celebraram. É uma decisão politica tomada por uma instância judicial portuguesa", completa.
"O que esta elite politica portuguesa quer é retomar os negócios com a elite angolana. Negócios baseados em disponibilidade e na hospitalidade de Portugal, quer a nível politico quer a nível económico, para serem não só gestores de conta de figuras angolanas enlameadas por suspeitas de corrupção, mas por serem, em várias ocasiões, activos branqueadores desse dinheiro mal obtido por essa elite angolana. É esta a relação que o governo português quer preservar", remata o presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade.