Venezuela. Portugal e outros países europeus exigem divulgação de atas eleitorais e condenam detenções
03-08-2024 - 21:18

Marcelo Rebelo de Sousa manifestou também este sábado o seu apoio à "posição do Governo português, bem como dos Governos espanhol, francês, italiano, alemão, holandês e polaco".

Vários países europeus, entre os quais Portugal, voltaram a insistir este sábado na divulgação das atas eleitorais na Venezuela e condenaram as detenções dos líderes da oposição.

Numa declaração conjunta os líderes políticos de Portugal, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Polónia e Espanha apelaram "às autoridades venezuelanas para que divulguem rapidamente todas as atas eleitorais, por forma a garantir a total transparência e a integridade do processo eleitoral".

Os sete países europeus manifestaram "forte preocupação" com a situação no país após a contestada eleição presidencial do último domingo.

"A oposição indica que recolheu e publicou mais de 80% das atas eleitorais elaboradas por cada mesa de voto. Esta verificação é essencial para reconhecer a vontade do povo venezuelano", lê-se na declaração, que salienta que "os direitos de todos os venezuelanos, em particular dos líderes políticos, devem ser respeitados durante este processo".

A declaração conjunta condena ainda "veementemente qualquer detenção ou ameaça que lhes seja dirigida" e pede que seja respeitada a "vontade do povo venezuelano, bem como o seu direito de manifestação pacifica e a liberdade de reunião".

Marcelo apoia posição europeia

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou também este sábado o seu apoio à "posição do Governo português, bem como dos Governos espanhol, francês, italiano, alemão, holandês e polaco".

Em nota publicada no site da Presidência, exige "a divulgação de todas as atas eleitorais, "para assegurar a transparência do resultado das eleições e o respeito pelos direitos de todos os venezuelanos, bem como assegurar a Democracia e as Liberdades".

Recorde-se que, na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano proclamou Maduro Presidente eleito (2025-2031) com 51,2% (5,15 milhões) dos votos, tendo o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, 44,2% (pouco menos de 4,5 milhões de votos).

Contudo, de acordo com a página resultadosconvzla.com, quando tinham digitalizado 81,25% das atas, Edmundo González somava 67% dos votos (7.173.152 votos), contra 30% para Maduro (3.250.424).

Desta forma, oposição venezuelana reivindicou a vitória nas presidenciais e a líder opositora María Corina Machado recusou reconhecer os resultados oficiais.

O Centro Carter (CC), uma das organizações convidadas pelas Governo venezuelano para observar as presidenciais, disse na terça-feira que não foi capaz de verificar os resultados das eleições, culpando as autoridades por uma "falta completa de transparência" ao declarar Maduro o vencedor.

O governo alega que um "ciberataque" com origem no estrangeiro o impede de apresentar as atas que comprovam os dados da votação anunciados.

Ainda esta quinta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que os Estados Unidos reconhecem a vitória do candidato da oposição nas presidenciais da Venezuela, com base em "provas incontestáveis".

O chefe da diplomacia dos EUA disse considerar válida a contagem de votos apresentada pela oposição, liderada por María Corina Machado, que representa 80% das assembleias de voto e mostra que González Urrutia "recebeu a maioria dos votos com uma margem insuperável".

María Corina Machado em protesto contra Maduro

María Corina Machado foi, este sábado, uma manifestação em Caracas, que contou com de milhares de pessoas que rejeitam reeleição de Nicolás Maduro como presidente.

Machado surgiu companhada por vários líderes da oposição, mas não pelo candidato Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 28 de julho.

A opositora a Nicolas Maduro promete continuar a sair à rua e voltou a acusar o regime de falsificar os resultados eleitorais.

"Este país sabe que ganhámos, sabe que jamais o vamos abandonar. Vai ser luta até ao fim. Se é dura? Sim, mas já sabíamos. Temos avançado muito e, contra todas as advertências, as pessoas saíram à rua no domingo. Ganhou... e o mundo hoje sabe a verdade", disse Machado em declarações à estação televisiva venezuelana T13.

Desde as eleições do último domingo, têm-se realizado várias manifestações, especialmente contra o regime de Nicolás Maduro, algumas violentamente reprimidas. Já foram detidas mais de 1.200 pessoas e morreram, pelo menos, 13 pessoas.