O responsável pastoral dos ciganos diz que a questão da habitação é o grande problema a resolver no que toca à comunidade discriminada.
Em declarações à Renascença, Francisco Monteiro destaca que cerca de “60 mil pessoas de etnia cigana” vivem em Portugal, a que se junta “o crescimento dos populismos no nosso país”.
“A fidelidade à cultura cigana é uma barreira à inclusão por parte dos populismos que têm tanto sucesso politicamente”, adianta o responsável.
Francisco Monteiro afirma que essas barreiras “contrariam a vocação de um cristão de promoção do acolhimento, de abertura e de interculturalidade”.
Por outro lado, o diretor executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos alerta para a realidade de cerca de 40 famílias “compulsivamente nómadas”, sobretudo no Alentejo.
O responsável fala “daquelas famílias que são expulsas sistematicamente de terra em terra, embora pertençam a essa terra pelo vínculo da Segurança Social da Saúde ou da escola”. “Porque normalmente não têm dinheiro para ter uma casa ou para ter um terreno não lhes é permitida a permanência”, explica. “Eles não são de cá, nós não os queremos cá, é o que se ouve na maioria das situações”, acrescenta.
Francisco Monteiro garante que este tipo de comportamento “é condenado ao nível da União Europeia e ao nível das Nações Unidas, e cá em Portugal isto vai andando assim”. “É o pior cancro da sociedade portuguesa que se diz preocupada com o social, e com a pobreza”, lamenta.
"É preciso chegar à realidade"
O responsável saúda o estudo científico sobre a situação socioeconómica dos ciganos em Portugal que resultará do protocolo que o Conselho Económico e Social, a Fundação para a Ciência e Tecnologia e o Alto Comissariado para as Migrações assinam esta tarde.
Contudo, Francisco Monteiro alerta para a necessidade deste tipo de iniciativa ter consequências. "É muito importante que se estude a etnia cigana, mas é preciso chegar à realidade e resolver os problemas concretos", defende.