Uma iraniana de 15 anos morreu no noroeste do Irão após ter sido espancada por forças de segurança durante um raide à sua escola, em Ardabil, acusa o Conselho de Sindicatos de Professores em comunicado.
Asra Panahi foi uma de várias alunas espancadas pela polícia na semana passada por se terem recusado a cantar um hino em homenagem ao aiatola Ali Khamenei.
A TV estatal iraniana Asra diz que Panahi morreu na sequência de um problema cardíaco.
Crê-se que várias adolescentes já foram mortas em contexto semelhante desde o início dos protestos contra o regime iraniano há cerca de um mês. Ativistas e familiares das vítimas acusam as forças de segurança de serem responsáveis pelas suas mortes, algo que as autoridades negam.
As manifestações em massa no Irão começaram em meados de setembro, na sequência da morte de Mahsa Amini sob custódia policial. Amini, de 22 anos, foi presa a 13 de setembro alegadamente por não usar o "hijab" (véu islâmico) corretamente em público.
Há duas semanas, alunas de várias cidades trouxeram os protestos das ruas para as salas de aula e recreios das escolas, naquela que está a ser uma onda sem precedentes de manifestações pelos direitos das mulheres e contra o regime teocrático iraniano.
Vídeos divulgados online mostram alunas a sacudir os seus "hijabs" no ar, a confrontar agentes das autoridades e a gritar slogans de protesto como "Mulher. Vida. Liberdade" e "Morte ao ditador" -- uma referência ao aiatola Khamenei, clérigo muçulmano xiita que é o líder supremo do Irão. Algumas foram filmadas a rasgar fotografias do aiatola.
No comunicado divulgado na rede social Telegram, o sindicato de professores de Ardabil acusa as autoridades de obrigarem ilegalmente as raparigas do Liceu Shahed a participarem num evento pró-regime, durante o qual foram obrigadas a cantar um hino de louvor ao aiatola Khamenei.
No arranque desse evento, na quarta-feira da semana passada, uma série de alunas optaram por cantar slogans contra o Governo, levando agentes da polícia à paisana, de ambos os sexos, a insultarem e a espancarem algumas delas, relatam os professores.
Mais tarde, já as alunas tinham regressado às salas de aula, a polícia invadiu a escola e voltou a espancar mais raparigas. Sete delas, incluindo Asra Pahani, ficaram feridas e outras dez foram detidas. Panahi acabaria por morrer horas depois no hospital.