Alijó. Decretado Estado de Emergência Municipal
17-07-2017 - 19:14

Mais de 500 bombeiros lutam contra três frentes de chamas num incêndio que se mantém incontrolado desde a madrugada de domingo e já levou à evacuação de várias pessoas.

O incêndio de Alijó possuía três frentes activas cerca das 18h00, depois de várias reactivações verificadas durante a tarde que aproximaram o fogo de algumas aldeias e levaram à retirada de cerca de 20 pessoas por precaução. Com as chamas a manterem a intensidade, o presidente da Câmara, Carlos Magalhães, decretou o Estado de Emergência Municipal pouco antes das 22h00.

Pedro Nunes, adjunto de comando da Autoridade Municipal de Protecção Civil, fez um ponto da situação do incêndio que lavra desde a madrugada de domingo no concelho de Alijó, distrito de Vila Real, e que mobiliza 500 operacionais, cerca de 170 veículos, oito máquinas de rasto e nove aviões.

“Neste momento não há pessoas ou bens em perigo”, salientou Pedro Nunes, acrescentando que não houve, até à data, o registo de “qualquer habitação destruída ou de qualquer pessoa que tenha sofrido ferimentos”.

As chamas aproximaram-se e rodearam algumas aldeias durante a tarde, nomeadamente Vila Chã, Francelos, Pegarinhos e Porrais, já no concelho de Murça.

Também durante a tarde, e por precaução, foram deslocadas 16 pessoas, entre crianças, idosos e acamados, das aldeias de Carlão, Vila Chã, Francelos e Santa Eugénia.

As estradas municipais entre Vila Chã e Francelos e entre Santa Eugénia e Carlão estiveram também cortadas.

O responsável explicou que as variáveis meteorológicas, como o aumento da intensidade do vento e a sua rotação contínua, alteraram a dinâmica do fogo e trouxeram inúmeras reactivações a partir da hora do almoço, reactivando praticamente todo o flanco direito.

“Não é possível, nestes períodos em que o fogo desenvolve tal actividade e tal velocidade de propagação, colocar qualquer tipo de meio, seja humano seja técnico a trabalhar em cima do fogo, porque não é possível e arriscamos a vida das pessoas”, acrescentou.

Durante a noite, os operacionais vão actuar de forma directa, em cima do fogo, onde tal é possível, e também de forma indirecta, recorrendo à técnica do contrafogo.

“Vamos esperar que o incêndio quebre a sua intensidade para que seja possível trabalhar estas duas técnicas e que o fogo venha para um parâmetro que esteja dentro do domínio da capacidade de extinção dos meios”, salientou.

Decretado Estado de Emergência Municipal

O presidente da Câmara de Alijó, Carlos Magalhães, decretou o Estado de Emergência Municipal por volta das 21h30 desta segunda-feira.

Antes, o autarca já tinha avisado que se preparava para o fazer e explicava porquê. “É um alerta, é um pedido de socorro para todo o país para ver se nos ajudam”, afirmou aos jornalistas na localidade de Vila Chã, onde as chamas se aproximaram das casas durante a tarde, assustando a população. E acrescentou: “Está incontrolado o fogo, não sei o que a noite nos vai trazer porque não vamos ter os meios aéreos e o vento continua e as frentes activas têm-se multiplicado”.

O autarca referiu que o Estado de Emergência significa um “pedido à tutela”. “É um pedido de socorro, é um pedido de ajuda porque nós já não somos capazes de dominar isto, os homens que já estão aqui já estão exaustos, precisávamos de mais alguma coisa”, sustentou.

O presidente disse que pediu mais meios para o combate a este fogo, referindo que só vê uma solução através dos “meios de combate aéreo”.

“Não estou a ver, no terreno, que os homens consigam aceder a estas zonas tão declivosas e com orografia tão pedregosa. Seria um risco para estes homens”, salientou. Homens que já “estão exaustos” depois de muitas horas de combate a um incêndio “que não dá tréguas”

Praticamente todo o concelho, “ a norte, a poente e a nascente está todo em chamas, salvaguardando apenas a zona sul que está ocupada por vinhas.

“Num teatro de operações como este há sempre pequenas falhas, mas eu não me quero referir a essas pequenas falhas, quero-me referir às grandes falhas de há muitos anos, como a falha de uma política que defina um planeamento florestal e que não existe”, sublinhou.

[Notícia actualizada às 21h46]