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O porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira, revela, em declarações à Renascença, que os militares que integraram o 127.º curso de Comandos passaram por três baterias de exames médicos e em nenhum foram detectados os problemas graves de saúde de que padecem cinco elementos, entretanto excluídos do curso.
Vicente Pereira explica que a primeira bateria de exames foi feita quando o grupo entra no Exército; a segunda quando concorreram às tropas especiais (neste caso, ao curso de Comandos); e a terceira bateria de exames foi realizada já após os incidentes decorrentes no início de Setembro.
“Quando o curso foi suspenso, todos os militares efectuaram testes pelo centro de saúde militar de Coimbra, com um painel de especialistas em diversas áreas, e foram considerados, por este painel de especialistas médicos, aptos a continuar o curso. Depois, é que revelaram essa incapacidade física para continuar”, detalha o porta-voz do Exército.
Nesta entrevista, o tenente-coronel Vicente Pereira recorda que, logo após os incidentes registados durante o curso, de que resultaram as mortes de dois militares, o Exército sempre admitiu rever as metodologias do curso.
Candidatos podem ter disfarçado sintomas
Cinco candidatos foram afastados do 127.º curso de Comandos, que terminou na sexta-feira, por problemas graves de saúde. A Renascença teve acesso aos processos de exclusão. Alguns militares apresentavam manifestações de doenças graves, anteriores ao início do curso.
Um dos candidatos sofre de síndrome de Gilbert, uma doença hepática crónica, de origem genética. Outro tem uma doença cardíaca, também genética, e antecedentes de epilepsia. Um terceiro instruendo do 127.º Curso de Comandos tem um tumor ósseo na bacia, visível, segundo o relato dos processos de exclusão a que tivemos acesso, “à vista desarmada”. No quarto caso, o candidato a comando tem duas hérnias discais e o quinto candidato uma dismetria dos membros inferiores.
Na resposta, o tenente-coronel Vicente Pereira esclarece que os militares que se candidatam ao curso de Comandos apresentam “níveis de ambição elevados e com alguma frequência escondem manifestações de doença para não serem excluídos”.
Nesse sentido, adianta, “a identificação de patologia torna-se mais difícil e o Exército tem trabalhado, com parceiros cientificamente reconhecidos, na identificação de processos que permitam antecipar este tipo de situações”.
Para cada um dos casos apontados pela Renascença, o porta-voz apresentou uma possível explicação para o facto de a patologia não ter sido detectada.