Os países membros da NATO manifestaram esta quinta-feira profunda preocupação com os danos nos gasodutos Nord Stream no mar Báltico e advertiram que “qualquer ataque deliberado contra as infraestruturas críticas dos Aliados” merecerá uma “resposta unida e determinada”.
Numa declaração divulgada em Bruxelas, o Conselho do Atlântico Norte, principal órgão de decisão política da organização da NATO, começa por apontar que “os danos causados aos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 em águas internacionais no Mar Báltico são motivo de profunda preocupação” e sublinham que “toda a informação atualmente disponível indica que são resultado de atos deliberados, imprudentes e irresponsáveis de sabotagem”.
“Estas fugas estão a causar riscos para a navegação e danos ambientais substanciais. Apoiamos as investigações em curso para determinar a origem dos danos”, assinalam os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Numa curta declaração apenas com dois pontos, os Aliados advertem que estão comprometidos em dissuadir, impedir e defender-se “contra a utilização coerciva de energia e outras táticas híbridas por atores estatais e não estatais”.
“Qualquer ataque deliberado contra as infraestruturas críticas dos Aliados seria recebido com uma resposta unida e determinada”, avisam os Aliados.
A posição do Conselho do Atlântico Norte ocorre no dia em que a guarda costeira sueca confirmou ter descoberto uma nova fuga de gás, de menor dimensão, do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico, elevando o número de fugas dos dois gasodutos russos para quatro.
Até agora, as autoridades dos dois países tinham confirmado uma fuga na área do Mar Báltico pertencente à Suécia, a nordeste da ilha de Bornholm, e duas na área pertencente à Dinamarca.
As fugas estão a causar agitação marítima significativa na superfície da água, ao longo de várias centenas de metros, o que impossibilita a inspeção imediata das estruturas, segundo as autoridades.
Suécia, Dinamarca, Alemanha, União Europeia (UE) e NATO alegaram que as fugas do Nord Stream foram causadas por um "ato intencional" e "sabotagem".
Na quarta-feira, também o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que toda a informação disponível aponta para que as fugas nos gasodutos submarinos Nord Stream tenham sido resultado de sabotagem, e advertiu que “qualquer perturbação deliberada das infraestruturas energéticas europeias é totalmente inaceitável e merecerá uma resposta robusta e unida” da parte da UE.
Por seu lado, o Kremlin qualificou de "sem sentido e absurdas" as acusações europeias de que a Rússia pode ser responsável pelos danos detetados nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, apontando o dedo aos Estados Unidos.
Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas vai reunir-se a pedido da Rússia, a propósito desta sabotagem, anunciaram na quarta-feira a Suécia e a França.
A Ucrânia acusou na terça-feira a Rússia de responsabilidade pelas fugas nos gasodutos, denunciando um “ataque terrorista” contra a UE.
O primeiro Nord Stream, com capacidade de bombeamento de 55.000 milhões de metros cúbicos de gás por ano, foi interrompido após a Rússia alegar uma fuga de óleo na única estação de compressão russa que ainda estava em operação.
Já o Nord Stream 2 nunca entrou em operação devido ao bloqueio da infraestrutura por parte de Berlim, mesmo antes do início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro.
No entanto, ambos os gasodutos estão preenchidos com gás e, portanto, devem manter uma pressão estável.