Depois de Putin e Xi Jinping, Orbán vai reunir-se com Trump
11-07-2024 - 19:26
 • João Pedro Quesado

Líder da Hungria continua reuniões com líderes antagonistas da Aliança Atlântica. Países da União Europeia estão irritados com uso da presidência do Conselho da UE nas visitas.

O primeiro-ministro da Hungria vai reunir-se com Donald Trump esta quinta-feira, no final da cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), que está a decorrer na capital dos Estados Unidos da América (EUA). A reunião acontece pouco depois de encontros semelhantes com os presidentes da Rússia e da China.

De acordo com o “The Guardian” e o “Politico”, o encontro vai decorrer na estância e casa do ex-Presidente norte-americano em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida.

Viktor Orbán esteve reunido com Vladimir Putin, o Presidente russo, na passada sexta-feira, poucos dias depois de ter visitado Volodymyr Zelensky em Kiev. Na segunda-feira, foi a vez de aterrar na China para falar com Xi Jinping.

A ronda de visitas diplomáticas foi descrita por Orbán como uma “missão de paz” para a Ucrânia, e começou dias depois de a Hungria assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia – uma das instituições da UE com poder legislativo, onde os ministros dos 27 reúnem para coordenar políticas e aprovar regulamentos em coordenação com o Parlamento Europeu.

As visitas do primeiro-ministro húngaro provocaram a ira dos vários líderes europeus, com Ursula von der Leyen, Charles Michel e Josep Borrell a desautorizarem publicamente Orbán, apontado que não representa a UE e os 27 Estados-membros em termos de política externa.

Um diplomata da UE afirmou ao “The Guardian” que Orbán “quer ser o homem de Trump na Europa se Trump ganhar a eleição para depois ele poder ser quem abre a porta da Casa Branca para a Europa”.

Trump e Orbán têm uma relação próxima de vários anos, e o líder húngaro já visitou Mar-a-Lago em 2024, depois de apoiar a recandidatura de Trump à Casa Branca.

Países europeus irritados com Hungria

O mandato à frente da presidência rotativa do Conselho da UE dura seis meses, terminando a 31 de dezembro de 2024.

De acordo com o “Politico”, a Hungria foi fortemente criticada numa reunião dos representantes diplomáticos dos países da UE que decorreu esta quarta-feira, em Bruxelas.

Um diplomata citado pelo “Politico” apontou que os vários representantes sublinharam “o timing e sequência das reuniões, o uso de hashtags da presidência, e a reação de Putin”.

“As separações foram clara e deliberadamente obscurecidas. E Orbán foi contra a letra e o espírito das conclusões do Conselho, prejudicando assim a unidade da UE”, acrescentou o mesmo diplomata.

Mas as consequências serão mínimas para a Hungria. Segundo o Politico, alterar a ordem das presidências ou encurtar o mandato da Hungria já não serão opções por a presidência húngara já ter começado.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, disse que o Tribunal de Justiça da UE iria “decidir contra” tal decisão, enquanto “outros países temem a criação de um precedente”.

Entre as opções mais imediatas estará o boicote de reuniões informais de ministros organizadas pela presidência húngara, o que já terá acontecido na primeira reunião do Conselho, na terça-feira.