A Comissão Europeia melhorou as projecções económicas para Portugal e prevê agora um défice de 1,4% e um crescimento económico de 2,6% para este ano.
Nas projecções de Outono conhecidas esta quinta-feira, Bruxelas prevê a “continuação do crescimento num contexto político em mutação”.
No que diz respeito ao défice, a Comissão revê em baixa as previsões tanto para 2017 como para 2018, para 1,4% do PIB – sendo que a anterior projecção apontava para 1,8% e 1,9%, respectivamente.
A redução deve-se, “sobretudo, à recuperação económica, à queda da despesa com juros e ao investimento público abaixo do orçamentado".
Excluindo as medidas temporárias, a previsão europeia é de que o défice das administrações públicas seja de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
Quanto ao défice estrutural, que desconta o efeito do ciclo económico e das medidas temporárias, a expectativa é que "melhore apenas ligeiramente em 2017", para os 1,8% do produto potencial (em 2016 foi de 2%).
Se nada for feito em 2019, além das medidas já previstas, a projecção da Comissão Europeia aponta para uma melhoria ligeira do défice “para os 1,2%”.
O saldo estrutural primário, que exclui também os juros da dívida pública, deverá "deteriorar-se em cerca de 0,5% do PIB ao longo do horizonte da projecção".
Bruxelas faz ainda uma análise aos riscos que se colocam na frente orçamental e conclui que são sobretudo negativos, destacando "as incertezas em torno das perspectivas macroeconómicas" e o "impacto de potencial aumento do défice das medidas de apoio ao sistema bancário em 2017".
Finalmente, no que diz respeito à dívida pública, que foi de 130,1% do PIB em 2016, o executivo comunitário antecipa que o rácio caia para os 126,4% em 2017 e para os 124,1% nos dois anos seguintes, "devido aos excedentes orçamentais primários e a um maior crescimento nominal do PIB".
As previsões para as finanças públicas portuguesas divulgadas pela Comissão Europeia estão agora em linha com as do Governo para 2017, tendo o ministério de Mário Centeno apontado, em Outubro, para um défice de 1,4% e uma dívida de 126,2% este ano.
Já para 2018, Bruxelas está mais pessimista, uma vez que a previsão do Governo é a da que haja uma redução do défice para 1% do PIB e da dívida para os 123,5%.
Crescimento em alta
Se em Maio, Bruxelas previa uma evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal de 1,8% em 2017 e de 1,6% no próximo ano, agora aponta para 2,6% e para 2,1%, respectivamente. Para 2019, a expectativa é que a economia continue a desacelerar o ritmo de crescimento, ficando nos 1,8%.
Estas projeções estão em linha com as do Governo, que actualizou as suas estimativas em Outubro e espera que o PIB cresça 2,6% em 2017 e 2,2% no próximo ano.
No último relatório, o executivo comunitário afirma que o PIB e o emprego de Portugal deverão "aumentar significativamente" em 2017, "impulsionados pelas exportações e pelo investimento", e refere que, "apesar de algum abrandamento", o desempenho da economia portuguesa deverá "permanecer forte em 2018 e em 2019".
Bruxelas recorda que a economia cresceu 2,9% na primeira metade deste ano devido, essencialmente, ao investimento e às exportações, ao passo que o crescimento do consumo privado "continuou a abrandar".
Como a confiança dos consumidores piorou e o comércio a retalho abrandou, o executivo nota que o consumo dos privados poderá diminuir dando lugar a um "pequeno aumento da taxa de poupança".
Quanto ao investimento, a expectativa é a de que, na construção, "não atinja os níveis pré-crise tão cedo" e que o seu crescimento "enfraqueça um pouco depois da recuperação deste ano".
Relativamente às exportações, Bruxelas refere que "a expansão em curso na indústria automóvel e a continuação do ciclo positivo no turismo deverão manter o crescimento das exportações bem acima da procura dos maiores parceiros comerciais" tanto em 2017 como em 2018.
No entanto, em 2019, o crescimento das exportações deverá estar "mais em linha com a procura externa", à medida que o impacto da indústria automóvel e do turismo "deverá enfraquecer".
As importações deverão crescer a um "ritmo similar ao das exportações" em todos os anos das projeções, "refletindo uma recuperação no investimento em equipamento e um maior conteúdo importado na indústria automóvel".
A evolução esperada das exportações e das importações fará com que as contas de Portugal com o exterior mantenham "um pequeno excedente".
Desemprego deverá continuar em queda
No mercado de trabalho, Bruxelas também está agora mais optimista e espera que a taxa de desemprego caia dos 11,2% em 2016 para os 9,2% em 2017, "o nível mais baixo desde 2008", e que continue a reduzir-se para os 7,6% em 2019 "num contexto de algum abrandamento na criação de emprego e de aumento moderado dos salários".
A Comissão Europeia indica que "o emprego cresceu mais rápido do que o PIB" na primeira metade de 2017, "particularmente nos serviços trabalho-intensivos relacionados com o turismo e a construção".
Quanto aos salários, Bruxelas indica que se mantiveram-se baixos a nível agregado porque "a maioria dos novos empregos foram criados em setores com perfis de baixas qualificações e de salários mais baixos do que a média".
Finalmente, no que se refere à inflação, este indicador deverá "continuar relativamente estável nos 1,5% em 2017, nos 1,4% em 2018 e nos 1,5% em 2019".