Beja. Falta de médicos colocam urgências em risco elevado de colapso
05-02-2018 - 15:00
 • Rosário Silva

Há“graves dificuldades que estão a passar a Anestesiologia, a Radiologia, a Cirurgia Geral e mesmo a Ortopedia”.

O aviso é feito pelos 12 diretores de serviço do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja. “Alertamos para o risco eminente de colapso nas urgências de Pediatria e Obstetrícia” e para as “graves dificuldades que estão a passar a Anestesiologia, a Radiologia, a Cirurgia Geral e mesmo a Ortopedia”.

O parágrafo está contido no manifesto público “Porque não podemos, nem queremos, ficar indiferentes” a que a Renascença teve acesso. Os médicos declaram a “sua preocupação pela situação de absoluta carência de médicos para fazer face às necessidades assistenciais da população pela qual a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) é responsável”.

“É um grito de alerta, por um lado, uma mostra da nossa disponibilidade, um pedido de ajuda alargada para um problema que é de todos”, resume à Renascença, Ana Matos Pires.

A especialista é diretora do serviço de psiquiatria do hospital bejense e diz que um dos “propósitos dos clínicos” passa por “lutar por uma boa qualidade dos serviços de saúde da população” da sua responsabilidade.

“Nós queremos ser parte da solução, não estamos numa postura destrutiva ou a apontar o dedo, mas estamos preocupados e queremos trazer o problema para cima da mesa”, esclarece a médica.

O manifesto adverte para as consequências da “não abertura de concursos para recém especialistas em 2017”, assim como para as “dificuldades acrescidas de atrair e manter novos clínicos”, em concreto nesta região do baixo Alentejo.

“É preciso desmistificar que não se trata apenas de uma questão económica do lado dos médicos”, refere a clínica. “Há outras possibilidades, por isso queremo-nos sentar com todos, inclusivamente os municípios, para encontrar soluções, que não são fáceis, para a fixação de clínicos no interior do país”, acrescenta.

Esta responsável louva a disponibilidade do Conselho de Administração da ULSBA que, de resto, já fez saber que vai pronunciar-se sobre este documento.

O manifesto é subscrito pelos diretores dos serviços de Psiquiatria, Fisiatria, Pediatria, Hematologia, Pedopsiquiatria, Medicina, Anestesia, Ortopedia, Obstetrícia, Hospital de Dia de Oncologia, Urgência e Patologia Clínica.

Foi já enviado para o Ministério da Saúde, ao cuidado do próprio ministro Adalberto Campos Fernandes, para a Administração Regional de Saúde do Alentejo, Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) e câmaras dos concelhos abrangidos pela ULSBA.

Por agora, os signatários apenas pretendem chamar a atenção para um problema que não sendo novo, tarda em ser ultrapassado, recusando qualquer outra tomada de posição mais drástica.

“Isto não é uma luta politico/partidária, nem uma questão pessoal, mas sim um alerta e um aviso para a nossa total disponibilidade para encontrarmos, em conjunto, uma solução”, clarifica Ana Matos Pires.