Obra Católica de Migrações pede mais empenho aos políticos
12-08-2019 - 20:08
 • Teresa Paula Costa

Portugal acolheu 726 pessoas ao abrigo do Programa de Recolocação e Reinstalação da Plataforma de Apoio aos Refugiados.

A Obra Católica Portuguesa de Migrações pede mais empenho aos políticos para resolver o problema dos migrantes e combater a xenofobia e populismo.

O apelo foi deixando na antevisão da peregrinação nacional do migrante e refugiado, em Fátima, que vai contar com milhares de emigrantes.

A peregrinação é da responsabilidade da Obra Católica Portuguesa de Migrações, cuja diretora Eugénia Quaresma pede mais empenho aos políticos portugueses.

Na conferência de imprensa que antecedeu o início das celebrações, Eugénia Quaresma disse que o esforço de colocarem o tema na agenda “é, sem dúvida, importante”, mas também é importante a mesma atitude por parte de quem elege.

Por isso, afirmou Eugénia Quaresma, “é importante combater os medos dos populismos e da xenofobia.”

Referindo-se às recentes posições do Governo italiano sobre a situação, a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações destacou que “é importante que se entenda que a questão das migrações é de resolução conjunta e colaborativa, ou seja, não pode ser só uma preocupação dos estados do Sul, tem de haver solidariedade na resolução das questões”.

E a Europa, referiu Eugénia Quaresma, “se não fosse a recusa de alguns países, tinha capacidade de acolher muitos mais”, acrescentando que não se trata apenas de “uma questão de boa vontade, não só política e de condições, mas de conseguirmos contar com todos para melhorar este mundo em que vivemos.”

Um esforço de sensibilização que também deve ser estendido à Igreja. Lamentando que “nem sempre os nossos políticos estão atentos ao que se passa”, D. António Vitalino, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, reconheceu que “também a Igreja tem que aprender”.

O bispo emérito de Beja lembrou que, “muitas vezes, os que chegam até nós têm formação superior”.

O bispo recorda que, quando exercia o seu ministério, encontrou “muitos migrantes a trabalhar na construção civil e que não tinham jeito nenhum”. Mais tarde, veio a verificar que “eram formados, médicos, professores” e, em colaboração com a Fundação Gulbenkian, foi possível reconhecer esses diplomas.

D. António Vitalino admite que “estamos a aprender e o país nem sempre está atento a todos esses problemas daqueles que vêm até nós.”

Ao abrigo do Programa de Recolocação e Reinstalação da Plataforma de apoio aos Refugiados, vieram para Portugal 726 pessoas, revela Eugénia Quaresma. Um número que a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações considera que “podia ser maior”.

Para sensibilizar os portugueses para esta realidade, a Obra organiza esta peregrinação nacional do migrante e refugiado, integrada na peregrinação internacional aniversária de agosto, e que tem como tema: “Não são apenas migrantes.”

As cerimónias serão presididas pelo Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, da Santa Sé.