O líder da Coreia do Norte planeia viajar até à Rússia ainda em setembro para se encontrar com o Presidente russo.
De acordo com a BBC News esta terça-feira, ainda não está claro onde é que as negociações vão decorrer; o mais provável é que Kim viaje num comboio blindado.
O possível encontro é noticiado depois de a Casa Branca ter indicado estar na posse de novas informações sobre as negociações de armas entre os dois países, que estarão a “avançar ativamente”.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, tentou "convencer Pyongyang a vender munições de artilharia" à Rússia durante uma recente visita à Coreia do Norte.
Entre as armas debatidas na reunião conta-se o míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong, considerado o primeiro do país a usar propulsores sólidos. A visita de Shoigu marcou a primeira vez que Kim abriu as portas da Coreia do Norte a visitantes estrangeiros desde a pandemia de Covid-19.
Desde o encontro, Putin e Kim têm trocado cartas “comprometendo-se a aumentar a sua cooperação bilateral”, disse John Kirby.
“Pedimos à Coreia do Norte que cesse as negociações de armas com a Rússia e cumpra os compromissos públicos que Pyongyang assumiu de não fornecer ou vender armas à Rússia”, acrescentou.
Kirby já avisou que os EUA vão tomar medidas, incluindo a imposição de sanções à Coreia do Norte, caso Pyongyang siga em frente com o fornecimento de armas à Rússia. Há preocupação tanto em Washington como em Seul quanto ao que a Coreia do Norte receberá em troca do armamento sob este acordo, que poderá resultar num aumento da cooperação militar entre os dois países.
O New York Times noticiou que o encontro entre Kim e Putin poderá ter lugar na cidade portuária de Vladivostok, na costa leste da Rússia. O correspondente diplomático do jornal, Edward Wong, disse à BBC News que uma equipa avançada de autoridades norte-coreanas viajou para Vladivostok e Moscovo no final de agosto.
Do grupo fariam parte "agentes de segurança que lidam com o protocolo que envolve as viagens de líderes, um forte sinal para as autoridades que analisam esta questão”, disse Wong.
John Everard, ex-embaixador do Reino Unido na Coreia do Norte entre 2006 e 2008, disse à BBC que a publicidade em torno da possível visita pode ser uma "forte razão pela qual seja agora improvável que a visita, de facto, ocorra", uma vez que Kim está "completamente paranóico com a sua segurança pessoal". E, embora a Coreia do Norte tenha artilharia de que Moscovo necessita, “eles estão em condições muito precárias”.
Os dois líderes encontraram-se pela última vez em abril de 2019, quando Kim chegou de comboio a Vladivostok, naquela que terá sido a última viagem do líder norte-coreano ao estrangeiro até hoje.