O presidente do PS, Carlos César, recomendou este domingo ao partido abertura, nomeadamente na discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2024, e ainda "muita paciência" para continuar a proteger a estabilidade "nas relações entre os órgãos de soberania".
"O PS sabe que, sendo a estabilidade um valor de confiança e de credibilidade do nosso país, sabe que tem de, com muita paciência, muita paciência, continuar a procurar essa estabilidade, a proteger essa estabilidade, inclusive no plano institucional e, desde logo, nas relações entre os órgãos de soberania", defendeu. .
O dirigente socialista falava no encerramento da Academia Socialista, em Évora, num discurso em que deixou várias críticas ao líder do PSD, Luís Montenegro, por nunca reconhecer "o que tem corrido bem".
"Mesmo assim, permita que vos diga que, se propostas como as que foram anunciadas nesta academia, como em relação a outras, inclusive em sede da discussão próxima do Orçamento do Estado, o PS deve entender que lhe cabe sempre aproveitar os contributos que sinceramente achar úteis e achar melhores para a governação e para o bom sucesso no nosso país, venham eles de que partidos ou entidades vierem", avisou.
Para o presidente dos socialistas, desta forma, o PS provará "além da maioria parlamentar" a sua "maioridade política".
Num discurso de cerca de meia hora, Carlos César lembrou que o PS "não é dono do país, nem o único a ter as melhores ideias ou a ter sempre as boas ideias", avisando que "não se governa sozinho em parte alguma, e é preciso ter a consciência e a humildade suficiente para isso".
Carlos César defendeu que o PS deve congratular-se com os "avanços conseguidos" mas sem se conformar: "É preciso que a insatisfação e o conformismo permaneçam no nosso lado e do nosso lado", avisou.
Na opinião do dirigente socialista, o PS "conta e tem que contar com a sua juventude e com a juventude portuguesa" para vencer desafios, entre eles, os das próximas eleições.
"Vencer as legislativas em 2026 e vencer as europeias já no próximo ano", afirmou.
Apesar dos avanços já conquistados pelos socialistas, César deixou alguns avisos para "insuficiências nas respostas em vários domínios", entre eles, a habitação e a saúde. .
"Estamos cientes, na saúde, como na habitação, que temos que fazer mais e mais depressa, e mobilizar também, em ambos os casos, a contribuição decisiva do setor privado", defendeu.
Também no que toca à descentralização, César congratulou-se com os "avanços já realizados" mas alertou os socialistas "que muitos dos défices que se mantêm de credibilidade e de eficiência de serviços públicos se radicam na insensibilidade, na desatenção e na desadequação influenciadas pela distância das suas tutelas", considerando que "o país político não deve temer a descentralização".
"Na lógica freudiana diz-se que é impossível enfrentar a realidade o tempo todo sem nenhum mecanismo de fugas. Mas há sempre pessoas e políticos que, de tanto as fazerem, perdem o sentido do país real. Ao invés, por isso, todos temos que ter a consciência de que há problemas e bloqueios na sociedade portuguesa que ainda afligem as famílias e as empresas", alertou, apesar de enaltecer os "muitos e bons resultados da governação do PS".
Perante um "exigente calendário eleitoral", César fez referência às eleições na Madeira este ano, e nos Açores em 2024, passando pelas europeias também no próximo ano, pelas autárquicas em 2025 e as presidenciais e legislativas em 2026.
O PS terá que tomar decisões sobre as eleições presidenciais de 2026, disse César, mas tudo "a seu tempo".
"O que para já nos interessa como partido do Governo é que o PS sabe que deve entregar aos juízo dos portugueses no final deste seu mandato em 2026, o país prometido e os avanços a que se comprometeu nas ultimas eleições legislativas. Estamos a fazer esse caminho, para cortar a meta como vencedores", rematou.