Coronavírus preocupa, mas não alarma presidente do Turismo do Porto e Norte
31-01-2020 - 23:59
 • Henrique Cunha

Luís Pedro Martins foi o convidado do "Conversas na Bolsa" de janeiro. Admite algum receio em relação aos efeitos do coronavírus no setor, defende a importância da regionalização, a extensão até ao aeroporto do serviço Alfa e da necessidade em se apostar na revitalização da Linha do Douro.

O surto de coronavírus é preocupante e terá repercussões no setor do Turismo, mas o problema deverá ser atenuado se for possível encontrar solução a curto prazo, afirma o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, na edição de janeiro do “Conversas na Bolsa”.

Sem desvalorizar o problema, Luís Pedro Martins admite ser preocupante a situação internacional provocada pelo coronavírus e não exclui algum impacto no setor, mas o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal acredita que, “há semelhança do que aconteceu com outros vírus, essa é uma questão que vamos ultrapassar”.

Para Luís Pedro Martins, seria preocupante “se de facto não fosse resolvido” porque o problema “vem de um destino que nos importa: Ásia e Pacifico”.

“Vistos gold” podem ser "simpáticos" para o Interior


Pacifico para o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal é a decisão do Governo em acabar com os “vistos gold” nos dois principais centros urbanos.

Luís Pedro Martins defendeu, no 22.º almoço-conferência das "Conversas na Bolsa", que “pode ser mais uma oportunidade para ajudar a resolver um dos maiores problemas do país e que tem a ver com o interior”. O presidente da entidade de turismo concorda com a medida que, no seu entendimento, “é muito simpática para conseguir captar investimento para o interior”.

O Turismo do Porto e Norte tem para 2020 “um orçamento de seis milhões de euros", mas que pode "encontrar outras fontes de financiamento" através do recurso a fundos europeus. "Melhor ainda poderia ser a autonomia administrativa e financeira" da entidade, caso existisse a regionalização, refere Luís Pedro Martins, que gostaria também de "ter autonomia para definir o plano de promoção externa e não estar tão subordinado ao que é imposto".

Alfa no aeroporto e Linha do Douro internacional

Por outro lado, o presidente do Turismo do Porto e Norte acredita que, se já existissem regiões, "a região iria olhar com muito cuidado para Linha do Douro". Luís Pedro Martins lembra que a entidade de turismo tem "defendido que a Linha do Douro se internacionalize", afirmando mesmo que "tem estado na linha da frente desse combate" com a certeza absoluta de que "este é o momento para avançar", pois "já andamos há demasiados anos a adiar esta questão".

O presidente da entidade de turismo afirma que "estão reunidas as condições para que essa vontade política exista", que mais não seja "pelo facto de termos um ministro que já demonstrou ser alguém bastante sensível à questão da ferrovia". Daí pensar e "acreditar que este é o momento para a Linha do Douro avançar".

Ainda ao nível da ferrovia e depois de aplaudir os números do aeroporto do Porto, "a principal porta de entrada na região, com números muito interessantes com um crescimento de cerca de 10% ao ano", Luís Pedro Martins manifesta a convicção de que seria uma "grande vantagem levar o comboio Alfa Pendular até ao Francisco Sá Carneiro"; o que "permitiria outro tipo de ligações quer a norte, quer a sul do Porto".

Distribuir melhor os turistas. "O grande desafio"


O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal defende que "o grande desafio é distribuir melhor os turistas", aproveitar estes números "impressionantes que estamos a ter, mas fazer com que não fiquem os tais 7% no Grande Porto", distribuí-los melhor pelo território, e tentar aumentar a estada média e isso faz-se com os mercados de longa distância".

Luís Pedro Martins lembra que "o turismo representa 17% do PIB, no setor existe pleno emprego" e tem sido com o turismo que “temos conseguido fixar alguns dos nossos jovens nas suas regiões de origem”. O presidente da entidade de turismo refere que “tem sido através de projetos de turismo que alguns jovens conseguem hoje ficar no Douro, no Minho ou em Trás-os-Montes e é uma atividade que também tem ajudado à regeneração urbana de algumas cidades”.

Para rematar, Luís Pedro Martins deixou um apelo a que “não se olhe para o turismo como um mal”, mas que se “olhe para o turismo como uma oportunidade”, e que se aprenda com aquilo “que os outros fizeram de mal para não se cometerem os mesmos erros”.