O Parlamento indiano rejeitou uma moção de censura do Governo do primeiro-ministro Narendra Modi, na ausência de dezenas de deputados da oposição, incluindo o líder do Partido do Congresso, Rahul Gandhi.
A moção foi apresentada num contexto de violência no estado de Manipur, no leste do país, onde 120 pessoas foram mortas em confrontos armados entre a maioria hindu meitei e a comunidade cristã kuki.
Dezenas de deputados da oposição abandonaram o Parlamento quando Modi rebatia as acusações de Gandhi, que na quarta-feira condenou a inação do primeiro-ministro em relação à violência em Manipur.
"Está a deitar gasolina por todo o país. Atirou gasolina em Manipur e acendeu uma faísca", disse, citado pela agência francesa AFP.
"Está determinado a queimar o país inteiro", acrescentou Gandhi.
Ao ver o líder da oposição e outros deputados a sair do Parlamento, Modi disse que "aqueles que não confiam na democracia estão sempre prontos a fazer um comentário, mas não têm paciência para ouvir".
"Espalham mentiras e vão-se embora. É este o seu jogo. Este país não pode esperar muito deles", acrescentou, segundo a televisão indiana NDTV.
O Governo tinha denunciado a moção de censura como uma manobra da oposição destinada a fazer manchetes antes das eleições gerais previstas para o próximo ano.
Modi recordou que já tinha enfrentado uma moção de censura em 2018 e que afirmara, então, que a oposição iria repetir a iniciativa em 2023.
"Eles [deputados da oposição] têm um dom secreto. Sempre que desejam mal a alguém, esse alguém será bem-sucedido. (...) Passaram vinte anos e só aconteceram coisas boas", disse, referindo-se ao Governo que lidera desde 2014.
Modi tem-se mantido em silêncio sobre a violência em Manipur, exceto para condenar um caso, captado em vídeo, de duas mulheres que foram obrigadas a desfilar nuas pelo meio de uma multidão.
Mais tarde, ambas afirmaram ter sido vítimas de violação coletiva.
O Partido Bharatiya Janata (BJP), a que pertence Modi, conta com 303 dos 543 lugares no parlamento.
Narendra Modi, 72 anos, chegou ao poder em 2014 e revalidou o mandato com uma vitória esmagadora nas eleições gerais de 2019.