O número agravou-se de março para abril deste ano e, nesta altura, há 900 mil portugueses sem médico de família. As contas foram deixadas pela Ministra da Saúde, no Parlamento, esta quarta-feira.
Marta Temido explica o retrocesso com dois fatores: a aposentação dos médicos e muitos milhares de utentes que reativaram a sua ligação aos Centros de Saúde.
Segundo a ministra, em abril havia uma cobertura de utentes inscritos com médico de família de 91%, pelo que se conclui que a “situação agravou-se” face ao mês anterior. Continuam a verificar-se aposentações (só este ano acontecerem mais de 100) e, por outro lado, há outra realidade que decorre da circunstância de existirem mais 59 mil inscritos nos cuidados de saúde primários só neste quadrimestre, justificou, garantindo que o Governo trabalha para inverter a situação.
“Obviamente, é um tema para o qual temos de trabalhar para inverter a tendência”.
Apesar destas dificuldades, Marta Temido garante que nos primeiros quatro meses do ano já se nota um aumento significativo dos serviços prestados nos Cuidados Primários de Saúde. “O crescimento de 24% das consultas médicas, de 51% das consultas de enfermagem e de 26% das consultas de outros técnicos de saúde face ao período homólogo do ano passado.”
“O compromisso é claro no sentido de atribuir médico de família a todos os portugueses. Em 2015, tínhamos mais de um milhão de portugueses sem médico de família, num contexto hostil como este, temos 900 mil”, contabilizou a ministra, respondendo ao deputado do PSD Maló de Abreu, que confrontou a ministra com a promessa feita pelo Governo PS feita em 2017.
O jornal “Público” noticiava hoje que mais de 865 mil portugueses não têm médico de família. Só em Lisboa e Vale do Tejo são quase 620 mil utentes sem médico atribuído. Os dados foram agora atualizados pela ministra, na véspera de se assinalar o Dia Mundial do Médico de Família.