A Autoridade Nacional de Aviação Civil antecipou-se esta terça-feira em três horas à decisão da agência europeia. Às 16h00 já tinha interditado o espaço aéreo português a todos os voos operados por aviões dos modelos Boeing 737 Max.
Fonte oficial da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) disse à agência Lusa que nenhum avião ficou retido em aeroportos portugueses em consequência da interdição, que aquela entidade decidiu aplicar às 16h00, antecipando-se face às 19h00 decretadas pela Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA).
As decisões seguiram-se ao acidente com um avião da Ethiopian Airlines que caiu na Etiópia, no domingo, provocando a morte de 157 pessoas de 35 nacionalidades.
A interdição decretada inclui o espaço aéreo nacional e sob jurisdição portuguesa, assim como "o espaço aéreo oceânico sob jurisdição portuguesa", especifica a ANAC, em comunicado.
"Durante a vigência da interdição, a ANAC continuará a monitorizar todos os desenvolvimentos com a EASA e autoridades aeronáuticas congéneres", lê-se na nota divulgada por aquela entidade.
Em comunicado enviado hoje à Lusa, a Agência Europeia de Segurança Aérea sublinhou que, na sequência do acidente envolvendo o Boeing 737-8 MAX, da Ethiopian Airlines, "toma todas as medidas necessárias para assegurar a segurança dos passageiros".
"Como medida de precaução, EASA emitiu hoje uma diretiva, efetiva a partir das 19h00 GMT (mesma hora em Lisboa), suspendendo todos os voos de todos os Boeing 737-8 MAX e 737-9 MAX na Europa. Em complemento, a EASA emitiu Diretiva de Segurança, efetiva à mesma hora, suspendendo todos os voos comerciais realizados por operadores de países terceiros dentro, ou fora da UE, dos modelos mencionados", pode ler-se na nota.
Referindo que a EASA "continua a analisar os dados sempre que são disponibilizados", o regulador aéreo europeu afirmou que ofereceu "assistência" para investigar o acidente.
O fecho do espaço aéreo europeu pela EASA surge na sequência de vários países terem fechado o respetivo espaço aéreo a aeronaves Boeing 737-8 MAX.
Irlanda, França, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Omã, Singapura, China, Indonésia, Coreia do Sul e Mongólia proibiram, antes desta diretiva, voos daquele modelo da Boeing nos seus espaços aéreos.
Algumas empresas de aviação decidiram manter os Boeing 737-8 MAX em terra.
Entre as empresas que optaram por suspender os voos do Boeing 737-8 MAX estão a Norwegian, o Icelandair Group, o Tui Grupo (a maior operadora de turismo do mundo), a Aerolineas Argentinas, a Aeroméxico, a brasileira Gol, a indiana Jet Airways, a marroquina Royal Air Maroc e a própria Ethiopian Airlines.
O Reino Unido foi o primeiro país europeu a suspender os voos do Boeing 737-8 MAX, seguido pela Alemanha.
O Boeing 737-8 MAX da Ethiopian Airlines despenhou-se no domingo de manhã, poucos minutos depois de ter descolado de Adis Abeba para a capital do Quénia, Nairobi.
O acidente provocou a morte das 157 pessoas (149 passageiros e oito tripulantes) que seguiam a bordo.
As vítimas são de 35 nacionalidades e pelo menos 19 eram funcionários das Nações Unidas, alguns dos quais iam participar numa cimeira dedicada ao ambiente, em Nairobi.
As ações da Boeing caíram na segunda-feira 5,33% na bolsa de valores de Wall Street, fazendo com que a sua capitalização no mercado tenha reduzido em quase 13 mil milhões de dólares. Os títulos do fabricante norte-americano caíram hoje 2% na abertura da bolsa de valores.
A Boeing indicou hoje que irá atualizar o 'software' de controlo de voo da aeronave 737 MAX para "torná-lo ainda mais segura" antes de abril, data limite que a Agência Federal de Aviação norte-americana (FAA, em inglês) impôs.
A empresa com sede em Chicago (Illinois) disse num comunicado que começou a desenvolver uma atualização de 'software' com a FAA após o acidente do avião (mesmo modelo) da Lion Air na Indonésia, em outubro de 2018, e que irá aplicá-lo à sua frota "nas próximas semanas" e finalizado antes de abril.