O antigo Diretor Nacional de Operações da Proteção Civil, Manuel Velloso considera que não tem sentido Portugal projetar meios nacionais de busca e salvamento para a Turquia e para a Síria, atingidos na madrugada desta segunda-feira por um sismo.
À Renascença, o atual coordenador-chefe da Associação Nacional de Alistados nas Formações Sanitárias (ANAFS), lembra que a janela de oportunidade de resgatar com vida quem está preso nos escombros será “muito reduzida” quando esses meios chegarem ao local.
“Vamos chegar ao teatro de operações, sei lá, quatro dias depois. A possibilidades de sobrevida das pessoas que necessitam, de facto, destas equipas de socorro é muito reduzida”, considera Manuel Velloso.
“Costumo dizer que, muitas vezes, projetamos meios mais no sentido de os mostrar do que propriamente de termos depois utilidade”, assume.
Para o especialista que integrou várias missões internacionais, a resposta no socorro àqueles países deve ser dada por países mais próximos. O contributo de Portugal, considera Manuel Velloso, deve passar pela disponibilização do Hospital de Emergência do INEM, o único disponível a nível nacional e certificado para situações deste género.
“Eventualmente, pode ter interesse mandar hospitais de emergência que, esses sim, teriam algum interesse para suportar a ausência de estruturas hospitalares que eventualmente ficaram afetadas. O que pode chegar mais tarde, após as 48 ou 72 horas. Isso já tem cabimento”, defende.
Portugal prontificou-se, esta segunda-feira, a enviar apoio ao resgate de vítimas provocadas pelo sismo, desta madrugada, na Turquia e na Síria. A disponibilidade foi anunciada, esta segunda-feira, pelo ministro da administração Interna, josé luís Carneiro que adiantou que a Autoridade Nacional de Emergência e a Proteção Civil estão em articulação para perceber quais serão as principais necessidades na ajuda às vítimas.
Um sismo, com uma magnitude de 7,8 na escala de Ritcher, atingiu, esta segunda-feira, a região de fronteira entre a Turquia e a Síria. O mais recente balanço apontava para mais 1500 pessoas que terão morrido nos dois países e milhares de feridos.