César admite "outras medidas de apoio" e alerta: PS e JS "estão proibidos de perder a ambição"
17-12-2022 - 10:59
 • Susana Madureira Martins

O presidente socialista pede ao partido para "não perder de vista" os "que mais precisam para terem uma vida digna". Num ano que se prevê como "difícil" para o país e para o PS, Carlos César alerta que é preciso "concretizar" reformas previstas no programa de Governo.

Mais uma vez ausente de uma iniciativa do PS, o presidente socialista opta por enviar uma mensagem vídeo ao Congresso eletivo da Juventude Socialista (JS), que se realiza este fim de semana em Braga, em que deixa vários recados ao partido e ao Governo.

Carlos César pede ao PS para "não perder de vista o combate pela sociedade melhor" e, sobretudo, que não se baixe a guarda em relação aos "que mais precisam para terem uma vida digna".

Um olho nas pessoas, outro olho nas contas certas. As medidas e o empenho do Governo só encontram "limite na fronteira das possibilidades, das obrigações orçamentais e dos recursos do País". Mas têm de ser tomadas, "se for o caso", avisa César.

O ano de 2023 será "difícil", antevê o presidente socialista e "importará" que o partido concretize reformas que constam do programa de Governo. César não diz quais, mas pede que se siga "com a maior atenção a evolução da economia empresarial e a condição das pessoas e das famílias em situação mais frágil, em particular dos jovens" para agir "se for o caso, com oportunidade e na intensidade requerida, com outras medidas adicionais de apoio".

Aos jovens socialistas, César avisa que "foram, são e serão sempre lutas difíceis, que a JS trava com coragem pessoal, física e cívica, mas serão lutas incessantes porque nos acompanharão enquanto houver ambição". Num dois em um, o presidente socialista avisa o partido e a jota que "a JS, tal como o PS, estão proibidos de perder a ambição".

Há menos de um mês, assinalando os sete anos de governação e com o PS encharcado de casos e polémicas, Carlos César já tinha deixado diversos avisos ao partido, incluindo a necessidade de "um mais apurado sentido de orientação e, simultaneamente, o maior entusiasmo e o maior rigor nas condutas e na concretização das tarefas que nos cabem na ação governativa".

Sucedem-se os avisos de um dos conselheiros mais próximos do primeiro-ministro, numa altura em que crescem as críticas internas que apontam para um partido "anestesiado" e para uma falta de aparelho para responder às oposições. "O PS não existe", lamentam vários socialistas ouvidos pela Renascença.

Precisamente, César pede à JS, num Congresso em que Miguel Costa Matos se recandidata à liderança em lista única, que não "seja um corpo inerte, disciplinado e sossegado, nem um anexo ou um amanuense do PS, ou, ainda menos, um conforto ilusório para os jovens portugueses".

Dos jovens socialistas "espera-se, aspira-se a que seja um movimento motriz de mudança, de elaboração e, sempre que necessário, de rotura com as indiferenças no presente e face ao futuro".

Fica o apelo do presidente socialista para que a JS não seja "uma organização de juventude da esquerda democrática, que seja uma repetidora das narrativas do mainstream ou do transpolítico. Espera-se que saiba ser a alternativa cívica, que

aporte valores, que se revolte contra as desigualdades" e que sirva para "barrar o caminho a radicalismos e extremismos que não dão solução para coisa alguma".

Fica ainda a bicada do dirigente socialista às oposições e, sobretudo, ao PSD: "Da maior parte da oposição partidária, da esquerda à direita, incluindo do maior partido da oposição, sempre envolvido nas suas lutas internas, já todos vimos e sabemos o que podemos esperar: pouco se aproveita da sua tendência contínua para a litigância e da sua tendência para destruir, e, entre os mais radicais, da sua disputa pelos troféus do radicalismo, das discriminações negativas e da maledicência".

Com um PS isolado numa maioria absoluta no Parlamento, César conta "todavia, com a intervenção crítica e empreendedora dos parceiros sociais e de todas as forças políticas e cidadãos de boa vontade". E com a sua jota, porque "já se sabe: “Quanto mais JS tiver o PS, melhor será o PS”, atira o presidente socialista.