O PS anunciou o voto favorável à constituição de uma comissão de inquérito sobre o furto de armas em Tancos para não obstaculizar uma investigação parlamentar, mas acusou o CDS de pretender denegrir instituições do Estado.
Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo líder da bancada socialista, Carlos César, no final da reunião semanal do Grupo Parlamentar do PS.
"O PS nunca desvalorizou o que aconteceu em Tancos, nunca deu por encerrado esse assunto e nunca se sobrepôs à investigação judicial, aguarda as suas conclusões. Entendemos que, se a Assembleia [da República] pretende investigar de modo paralelo o que passou, tem o direito de o fazer. O PS não se constitui como obstáculo a que isso aconteça", declarou.
A Assembleia da República vai debater e votar em 24 de outubro a proposta do CDS de criação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas no furto de armas em Tancos.
No plano político, o presidente do Grupo Parlamentar do PS considerou que a iniciativa do CDS "vem na linha daquilo que este partido tem sido nos últimos tempos, um partido muito empenhando em denegrir o Estado, neste caso contribuindo para o desprestígio das Forças Armadas, e que procura através de ações de foguetório deste tipo sobressair na luta fratricida que hoje se trava na direita portuguesa".
Perante os jornalistas, Carlos César observou que o presidente desta comissão parlamentar de inquérito deverá sair do PS e apontou que, coexistindo um processo criminal, "muitas das pessoas que importa inquirir são arguidas nesse processo".
"Portanto, terão o direito de não depor em sede de comissão de inquérito, além de se poder estar a trabalhar em matérias protegidas pelo segredo de justiça. Mesmo assim, o PS não obstrui o trabalho de uma comissão de inquérito e qualquer outra iniciativa com essa tipicidade", disse.
Carlos César fez ainda questão de acentuar que o voto do PS será favorável, porque os socialistas "não têm meias-tintas".
"Se alguém deseja que a Assembleia da República esteja incluída num processo desta natureza, o PS, apesar de entender que isso não seria prioritário e que era desnecessária a acumulação dessa ação com as investigações que estão em curso, não se constituirá como um obstáculo a que isso aconteça", justificou.
Em relação ao episódio do furto de armas em Tancos, o líder parlamentar do PS defendeu que o Governo "esteve muito bem, porque não tinha possibilidade de acautelar o que aconteceu, mas tinha a obrigação - e cumpriu-a - de acautelar qualquer aspeto que resultasse em matéria de segurança interna".
Ainda de acordo com Carlos César, na sequência do episódio de Tancos, o Governo "deu uma orientação clara às Forças Armadas que situações dessas não poderiam ocorrer" e, por outro lado, que "devia ser imediatamente colmatada a permeabilidade detetada".