Há bens prioritários para a sobrevivência que começam a escassear em Marrocos. É o que adianta um português que vive em Rabat, capital do país atingido por um forte sismo na passada sexta-feira.
Em declarações à Renascença esta segunda-feira, Nuno Veloso explica que, nos últimos dias, tem estado em trânsito permanente para Marraquexe, onde a situação "está bastante mais difícil, principalmente para as pessoas que estão isoladas".
"Há muitas zonas de difícil acesso, não há estradas, os supermercados, sobretudo em Marraquexe, estão com as prateleiras vazias e os meios disponibilizados pelo Governo não conseguem fazer tudo", adianta o português, que trabalha no desenvolvimento de negócios em economias emergentes e que está envolvido há três dias nos esforços de ajuda pós-sismo através de uma associação na província de Al Haouz, uma das zonas mais afetadas pelo sismo
Além da água e comida, há outros bens que estão em falta. Para além disso, há quem ainda esteja a dormir nas ruas sem qualquer condição, "ao relento" e o "acesso a cuidados médicos é limitado, há bastante gente que está ferida e ainda não foi socorrida como deve ser".
Face a este cenário, Nuno Veloso admite que possa "haver mais complicações e daí aumentar o número de mortos". Esta manhã, o balanço de vítimas mortais confirmadas foi atualizado para 2.497.
Apesar da situação de extrema complexidade, o português sublinha que não pretende deixar Marrocos, país a que chama casa.
Quase três dias depois do abalo, ainda estão em curso operações de busca e salvamento por sobreviventes, focadas sobretudo em zonas de difícil acesso.