Tiago Martins Oliveira foi o escolhido pelo Governo para chefiar a chamada Estrutura de Missão para a Instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais. O Bloco de Esquerda não questiona a capacidade técnica do novo responsável, mas não gostou desta escolha por ter estado ligado à indústria da celulose.
Segundo o deputado Pedro Soares, Tiago Oliveira é, desde 2016, responsável da área da Inovação e Desenvolvimento Florestal da The Navigator Company (ex-Portucel).
“É surpreendente que o Governo indique para presidir a uma estrutura e para um lugar que parece ser equivalente a secretário de Estado uma pessoa que, independentemente das suas qualidades técnicas, tenha estado ligado à indústria das celuloses, nomeadamente na Portucel e na Navigator Campany, que tem tanta responsabilidade no caos em que a floresta se encontra”, refere ao jornal “Público”.
“Parece que o Governo não aprendeu mesmo nada”, acrescenta.
O Bloco aconselha o executivo ponderar melhor a sua escolha, porque a indústria da celulose promove a plantação de eucaliptos e, acrescenta, cabe-lhe parte das responsabilidades no actual estado da floresta.
Tiago Martins Oliveira é doutorado em Engenharia Florestal e especializado em Gestão de Risco no Âmbito das Florestas. Na nota curricular divulgada, o Governo indica que o futuro presidente da Estrutura de Missão tem grande experiência em combate a incêndios como sapador operacional, coordenador de combate aéreo e coordenador nacional de defesa da floresta contra incêndios.
Aos 48 anos e natural do Porto, Tiago Martins Oliveira vai ter um estatuto equiparado a secretário de Estado e um gabinete de apoio técnico, "constituído por um máximo de cinco elementos, três dos quais com a função de assessoria técnica e de gestão, equiparados, para efeitos de designação e estatuto, a adjuntos de gabinete de membro do Governo".
A criação da Estrutura de Missão foi uma das medidas saída do último Conselho de Ministros (dedicado aos incêndios) e tem como um dos principais objectivos a preparação e execução das recomendações constantes do relatório da comissão técnica independente nomeada pelo Parlamento "e de outros contributos técnicos, em articulação com as várias áreas governamentais e organismos da administração pública".