O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pede o apuramento de responsabilidades perante a crise política que o país atravessa, na sequência da demissão do primeiro-ministro e convocação da eleições antecipadas.
D. José Ornelas falava durante a abertura da assembleia plenária dos bispos, que decorre em Fátima.
Os bispos salientam que "a crise surgida nos últimos dias no seio do Governo veio trazer novos e sérios elementos de incerteza e preocupação quanto ao futuro de todos, com a possibilidade de agravamento de muitas situações".
A CEP alerta que "cresce a frustração e a revolta, especialmente nos mais vulneráveis, como também a desilusão e a apatia desmobilizadora, campo fértil para manipulações e messianismos populistas que minam os fundamentos de uma autêntica democracia".
No atual cenário de crise político, os bispos fazem um apelo: "O panorama é difícil e exige bom senso e boa vontade de todos".
O presidente da CEP disse também que esta é a altura de discutir os verdadeiros problemas do país e exortou os políticos a apresentarem propostas para que os portugueses não se abstenham de votar.
“É necessário o apuramento de responsabilidades, mas esta é sobretudo uma ocasião para discutir os verdadeiros problemas do país e afinar políticas de recuperação e melhoria, especialmente para os que estão a sofrer mais com estas sucessivas crises”, disse D. José Ornelas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou eleições antecipadas para 10 de março de 2024.
D. José Ornelas considera que “os protagonistas políticos têm um papel fundamental de apresentar propostas e soluções para que o povo possa ter vontade e oportunidade de fazer escolhas”, sublinha o presidente da CEP.
O presidente da CEP exortou os cristãos a não se absterem nas eleições. Considerando que "é fundamental que não nos deixemos abater e vencer pela apatia", D. José Ornelas disse que "quem acredita tem uma razão acrescida para não fazer parte da cultura da abstenção e da apatia".
Os bispos voltaram a criticar a aprovação da legalização da eutanásia e do suicídio assistido. "Com a legalização da eutanásia, quebra-se o princípio fundamental da inviolabilidade da vida humana e abrem-se portas perigosas para um alargamento das situações em que se pode pedir a morte assistida".
Reiterando que "a entrada em vigor desta lei representa um retrocesso civilizacional", D. José Ornelas apelou a que as pessoas "rejeitem liminarmente as possibilidades abertas pela legalização", mantendo a esperança de que esta "possa vir a ser revogada".