Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, admite que deixará a direção da organização, se essa for a vontade dos clubes. O presidente tem estado sob duras críticas depois de ter enviado uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, para que os jogos fossem transmitidos em sinal aberto, o que é contra a vontade dos clubes.
Em declarações após uma reunião na Câmara Municipal do Porto, com Rui Moreira, Pedro Proença não exclui a saída, mas recorda que este é um momento de grande responsabilidade para o futuro da Liga e de muitos clubes.
"A Liga é dos clubes. O presidente só estará na Liga enquanto os clubes quiserem. Este é um momento de responsabilidade, de retomar as competições. É vital que se retomem as competições, se não retomarmos, temos diversas realidades de insolvência. É um momento de responsabilidade para todos. O presidente Pedro Proença está sempre disponível para ouvir todas as propostas dos clubes", começa por dizer, em declarações transmitidas pela SportTV.
No centro do descontentamento que se arrasta em relação ao presidente da Liga está uma carta dirigida por Pedro Proença ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já depois de outra semelhante, enviada ao Governo, que deixou os clubes de cabelos em pé.
Na missiva, Pedro Proença sugeria a "influência" do chefe de Estado com vista a que as operadoras de televisão permitissem a transmissão de jogos em sinal aberto, na reta final da I Liga. As operadoras, e a NOS em particular - sendo patrocinadora direta da prova -, e por consequência os clubes, não gostaram da proposta.
Proença defende jogos em sinal aberto
O presidente da Liga continua a defender que os jogos deveriam realizar-se em sinal aberto, como forma de apoio às famílias em altura de pandemia, e explica que a ideia é também defendida noutros países.
"A ideia não é só defendida por nós, mas também na Bundesliga e está a ser discutida em Itália. É fácil perceber o que se pretende. O público não pode aceder aos jogos, queremos e tentámos que a entidade governamental injetasse dinheiro nos canais generalistas, que pudessem adquirir conteúdo dos operados, que podiam ser ressarcidos pela penalização destes dois meses, e podiam pagar aos clubes. Assim, as pessoas não estavam aglomeradas e fechava-se esse ciclo", defende.
Para Pedro Proença, o regresso do campeonato é uma "grande vitória" para a indústria do futebol.
"Foram três meses verdadeiramente difíceis, num processo inovador. Estamos muito felizes porque acreditamos desde o primeiro momento que a retoma seria possível. É uma vitória dos clubes e da indústria do futebol, conseguimos o que queríamos, que era retomar a atividade. É um orgulho pelo que sempre lutamos e acreditamos que era possível", acrescenta.
Cova da Piedade? "Não conseguimos agradar todos"
O Cova da Piedade deixou a direção da Liga de Clubes, mas Pedro Proença encara a situação com relativa normalidade e explica que é normal que a decisão não agrade a todos. A II Liga não foi concluída e a tabela classificativa no momento da suspensão do campeonato foi a final, o que relegou o clube de Almada para o terceiro escalão.
"São dinâmicas normais de um processo democrático, temos clubes mais e menos satisfeitos. Aceitamos com a normalidade possível. Tomámos decisões difíceis. O governo decidiu suspender a LigaPro por completo e percebemos que teria de haver uma classificação final. É normal que a decisão agrade a uns e a outros não", finaliza.
Questionado sobre se essa saída fragilizaria a sua posição enquanto preisdente, Proença respondeu desta forma: "Há um ano fui reeleito com 95%, é evidente que é um momento difícil para muitos clubes, alguns em sérias dificultados. Criámos condições para que as competições regressassem. Temos uma época mais prolongadas, mas ter o dia 3 como a data da retoma deixa-nos muito satisfeitos".
O futuro de Pedro Proença ficará decidido numa Assembleia Geral, a 9 de junho, marcada depois de uma reunião com os clubes.