"Made in Germany" é o eixo principal da temporada 2023 da Casa da Música, no Porto, que promete 14 estreias nacionais e cinco mundiais entre cerca de 300 concertos previstos, com destaque para a obra cénico-sinfónica "A House of Call".
Escrita por Heiner Goebbels, "A House of Call" resulta de uma encomenda da Casa da Música, será interpretada pela Orquestra Sinfónica do Porto, sob a direção de Peter Rundel, com conceção cénica e desenho de luzes do compositor, e tem a estreia nacional marcada para dia 21 de janeiro, na Sala Suggia.
A par desta estreia, também o nome do compositor e maestro alemão Enno Poppe, de 52 anos, indicado como artista em residência, foi definido pelo diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, como um dos principais destaques do ciclo "Made in Germany", na temporada para 2023, hoje apresentada em conferência de imprensa.
Enno Poppe nasceu em Hemer, em 1969, é "um dos compositores alemães mais importantes da atualidade", segundo a Casa da Música, e vai dirigir "Speicher" pelo Remix Ensemble, com estreia nacional marcada para 22 de janeiro, na sala Suggia. Em outubro, a estreia portuguesa de "Augen", 25 'lieder' para soprano e orquestra, deste compositor alemão, sobre textos de Else Lasker-Schüler, a par de "Se da contra las piedras la libertad", de Klaus Ospald, para piano e orquestra de sopros (uma encomenda Casa da Música e WDR), mobiliza o pianista Pierre-Laurent Aimard.
A "Abertura Oficial Ano do Alemanha" está agendada para 13 de janeiro na Sala Suggia. O programa de concerto será interpretado pela Orquestra Sinfónica do Porto, com a direção de Stefan Blunier, e vai ser feito ao "som de duas referências da música orquestral germânica dos últimos 130 anos, 'Photoptosis', de B. A. Zimmermann, e 'Uma vida de herói', de Richard Strauss".
O pianista e regente Andreas Stainer, num trabalho sobre o Barroco Alemão, com a Orquestra Barroca Casa da Música, e a evocação de Richard Wagner e de "O Anel do Nibelungo", em versão instrumental, são outros dos muitos 'casos' a destacar no ciclo "Made in Germany", à semelhança de "O barbeiro de Einstein", "uma ópera relativamente física", com conceção, direção artística e interpretação de Mário João Alves, espetáculo agendado para 14 de janeiro, na Sala 2.
Inserido no ciclo "Música e Mito", o destaque da organização recaiu na ópera "Elektra", de Richard Strauss, que retoma a "narrativa do filósofo grego Sófocles posicionando-a no modernismo de cariz expressionista", numa versão que se estreia a 4 de março, na Sala Suggia, contanto com Stefan Blunier na direção musical e na interpretação, com a soprano Christiane Libor.
Em fevereiro, a estreia mundial da nova versão de "Anamorphoses", de Pedro Amaral, "marca uma descoberta de novos sons e abordagens. Neste concerto, o programa também inclui "A Tragédia de Salomé", o bailado encomendado a Florence Schmitt pela norte-americana Loïe Fuller, pioneira da dança moderna.
Outra estreia mundial, a da versão para ensemble e barítono do histórico ciclo de 'lieder' "Amores de Poeta", de Robert Schumann, revisitado pelo compositor alemão Jörg Widmann, está marcada para 04 de outubro, por Mathias Goerne - "o maior barítono da atualidade", segundo Pacheco -, com o Remix Ensemble e o maestro Peter Rundel.
Christian Zacharias, Grigory Sokolov, Alexander Malofeev, Alexei Volodin e Claire Huangci destacam-se no "Ciclo de Piano" que regressa à programação da Casa da Música e que conta com a estreia em Portugal da chinesa Zee Zee no dia 21 de maio. A estes juntam-se os jovens portugueses Thiago Tortaro e Pedro Borges, jovens valores em ascensão, como a programação destaca.
No ciclo "Grandes Concertos Virtuosos", o destaque vai para "Carmina Burana", de Carl Orff, no dia 11 de novembro do próximo ano, com as suas sequências enquadradas por grandes obras sinfónicas do nosso tempo, que evocam a música e a poesia medievais. "É a primeira vez com produção total da Casa da Música", revelou António Pacheco. O espetáculo conta com a orquestra Sinfónica, Coro e Coro Infantil da Casa da Música.
A nova obra para o Remix Ensemble, composta pelo português João Caldas por encomenda da Casa da Música, tem estreia mundial em 27 de julho, e vai ser apresentada no âmbito da 5.ª edição da Academia de Verão Remix Ensemble (concerto final), contando com a direção musical de Peter Rundel.
A temporada fecha com o bailado "Quebra-Nozes", de Tchaikovsky, nos dias 22 e 23 de dezembro de 2023.
De outras expressões musicais, a Casa da Música também recebe a artista brasileira Adriana Calcanhotto, dia 31 de maio, que deverá apresentar o seu novo álbum de originais, previsto ser lançado entre março e abril de 2023.
Ainda do Brasil chega a artista Agnes Nunes, de 20 anos, que atua no dia 24 de março. A baiana Agnes faz parte da nova geração da música brasileira e transita entre géneros como o forró, blues e música popular brasileira.
Nena (21 de janeiro), Souls of Fire (1 de fevereiro), Luísa Sobral (18 de fevereiro, com apresentação do disco), Carlos Alberto Moniz (14 de fevereiro), António Zambujo e Yamandu Costa (8 de março), Samuel Úria (21 de março), Joana Almeirante (6 de abril), Jorge Cruz (13 de abril), Glenn Miller Orchestra (2 de maio), Sara Correia (17 de junho), Cristina Branco (2 de novembro) são outros músicos com concertos entretanto agendados, que a Casa da Música avançou hoje, na apresentação da temporada.
Em 2023 a Casa da Música mantém os Ciclos Invicta.Música. Filmes (fevereiro), Concertos da Páscoa (março/abril), Musica & Revolução (abril), Rito da Primavera (maio), Verão da Casa (junho, julho/setembro), Outono em jazz (outubro), À volta do Barroco (novembro) e Música para o Natal (dezembro).
A programação de 2023 será pesquisável no 'site' da Casa da Música, em www.casadamusica.com.