A situação é caótica nos comboios em Portugal e a culpa é do atual Governo, acusa a líder do CDS. Assunção Cristas viajou esta terça-feira, na Linha do Oeste, entre as Caldas da Rainha e Coimbra B.
“Foi uma viagem tranquila, mas atrasada. A carruagem do comboio tinha uma infografia com a descrição a linha do Algarve. As janelas estavam tão grafitadas que nem se conseguia ver para fora”, contou Assunção Cristas aos jornalistas.
A antiga ministra diz que os passageiros no seu comboio eram poucos e disseram “que os comboios não são de fiar em relação aos horários”.
“Há um caos na ferrovia neste momento, um desinvestimento que não tem precedente”, acusa Assunção Cristas.
“O Governo poder querer culpar o Governo anterior, mas a verdade é que está em funções há três anos e teve tempo para recuperar investimento que, obviamente, o Governo anterior não pôde fazer porque apanhou um país falido pelo PS. Continuamos a denunciar: comboios suprimidos, horários não cumpridos, degradação das condições”, frisou a líder do CDS.
Cristas acusa o Governo de desperdiçar fundos comunitário e vai chamar o executivo ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre o estado do transporte ferroviário.
Os dirigentes do CDS viajaram de vários pontos do país. Assunção Cristas dá o exemplo do deputado João Almeida para ilustrar os problemas.
“O João Almeida não consegui arrancar na paragem de início [Espinho], porque não havia gasóleo para o comboio. Teve que ir de carro para outra estação”, lamentou a líder do CDS.
CDS pede comissão permanente por causa do "caos" na ferrovia
Em simultâneo com esta ação no terreno, o CDS pediu esta terça-feira ao presidente do Parlamento que convoque a comissão permanente da Assembleia da República para a próxima semana devido àquilo o que partido considera ser o "caos na ferrovia".
Em resultado do que consideram ser o agravamento da situação desde junho, os deputados enviaram a Ferro Rodrigues o requerimento para que se realize uma reunião da comissão permanente, que é o órgão da Assembleia que se reúne em caso de necessidade durante as férias.
No requerimento, os deputados do CDS chamam também a atenção par ao facto de já terem questionado várias vezes o Governo sobre a situação da CP, sem que tenham qualquer resposta.
Para o CDS, o que se passa naquela empresa tem levado ao colapso no transporte ferroviário e a uma "situação grave e séria" que prejudica diariamente milhares de portugueses.
Governo culpa "falta de investimento" no passado
Durante a visita a uma oficina da EMEF, em Lisboa, realizada na segunda-feira o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins, lamentou o "desinvestimento no grupo CP" no passado, com a redução em cerca de um terço de trabalhadores entre 2010 e 2015.
O governante previu que os efeitos da contratação de 102 trabalhadores para a EMEF - Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário surjam em outubro e afirmou que as decisões no setor ferroviário refletem os "anos anteriores de desinvestimento, nomeadamente de 2015 para trás".
"Basta ver em termos de recursos humanos, entre 2010 e 2015 os recursos humanos foram reduzidos em cerca de um terço. De 1.487 trabalhadores em 2010, em 2015 tínhamos 949 ao serviço", assinalou aos jornalistas, depois de uma visita a uma oficina da EMEF, em Lisboa.
Garantindo que o transporte ferroviário é uma "prioridade" para o executivo, o governante enumerou as intervenções nas infraestruturas, que decorrem ao abrigo do programa Ferrovia 2020, assim como o aluguer do material circulante, cujos primeiros comboios a 'diesel' deverão chegar "no início do próximo ano".
Está ainda a ser preparado o caderno de encargos para o lançamento do concurso para compra de novos comboios, que "será lançado nos próximos meses", acrescentou o secretário de Estado, recordando que as últimas aquisições datam de 2002 para os suburbanos do Porto.
O aluguer à operadora espanhola Renfe será acomodado pelo orçamento do grupo CP, que tem previstos 42 milhões de euros para investimento e manutenção de comboios este ano.
Os contratos de aluguer deverão durar entre dois a três anos.
Sobre a reposição de horários, Guilherme W. d'Oliveira Martins referiu que na linha de Cascais acontecerá em setembro, enquanto na linha de Sintra o calendário aponta para outubro e no Oeste para novembro.
As alterações são justificadas com necessidades e manutenções de material circulante.
[notícia atualizada às 17h34]