Marcelo Rebelo de Sousa avisou esta terça-feira que é “muito fácil ir atrás de emoções” no que toca ao tema da imigração, pedindo “bom senso” ao líder do PSD, Luís Montenegro, e ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a propósito do incêndio na Mouraria que matou duas pessoas na semana passada.
“É facílimo ir atrás das emoções. Mas quando se vai atrás das emoções há dois problemas: primeiro, a emoção muitas vezes não é racional; segundo, aquele que é mais emocional ganha sempre. A cópia perde sempre para o original”, disse o presidente da República, em declarações no Palácio de Belém.
Marcelo começou por dizer que não comenta posições de partidos ou dirigentes políticos, mas rapidamente pediu “muito bom senso” a quem fala sobre os assuntos da imigração, referindo que se fala de pessoas e de problemas do país.
“Declarações muito emocionais, feitas em cima de casos, correm o risco de serem irracionais e de irem a reboque de posições mais emocionais, que terão mais sucesso em termos de captar a opinião pública”, disse, em referência às declarações de Montenegro, que falou na "imoralidade" de “trabalhadores ganharem menos do que outros que nada fazem”.
Para o Presidente da República, o problema não é “andar a disputar votos a ver quem é mais emocional - alguns dirão mais populista”.
Montenegro. “Crítica? Para mim não é de certeza”
Em reação, o líder social-democrata diz ter a certeza que as declarações de Marcelo Rebelo Sousa não eram para si.
“Não ouvi, mas posso ter a certeza absoluta que não se dirigiu a mim. O Presidente da República é uma pessoa sensata e que me conhece bem. Conhece os meus valores morais, éticos e humanos e sabe que eu não poderia propugnar algo que não fosse de valorização da dignidade das pessoas”, disse.
Montenegro diz mesmo que é “escandaloso” que o critiquem sobre o tema da imigração e o acusem de ser xenófobo, indicando que há cinco anos que defende uma nova regulação que não implique o fechar as portas aos imigrantes
"Eu não fecho as portas a ninguém, defender este programa não significa que as portas se fecham para os outros. Sinceramente, acho que se podiam distrair a falar do que interessa às pessoas e não em manobras de retórica semântica", criticou.
Na semana passada, a propósito do incêndio na Mouraria que matou duas pessoas, Carlos Moedas defendeu que se deve estabelecer limites por setores à imigração e criticou que seja possível atualmente a entrada de imigrantes em Portugal sem contrato de trabalho.
Já Luís Montenegro considerou que o país deve receber imigrantes "de forma regulada" e "procurar pelo mundo" as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.