Cerca de 700 professores, estudantes e investigadores de ciências biomédicas vão participar, a partir desta quinta-feira, na 18ª edição do YES Meeting - um congresso organizado por estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
A presidente do congresso, Ana Rita Soares, antecipa à Renascença que vai ser apresentada aos estudantes uma alternativa à resistência das bactérias aos antibióticos, que passa pela injeção de determinados vírus no organismo que "comem" as bactérias provocadoras de infeções.
"Vão debater-se alternativas aos antibióticos, aos convencionais, digamos assim. Usar, por exemplo, vírus para transportarem antibióticos e alterarem as nossas células, por forma a conseguirmos combater as bactérias. Usar outras formas, que não o medicamento em si, para conseguir atingir os microrganismos patológicos e conseguirmos combater essas resistências que há, para já, aos antibióticos convencionais."
A estudante de medicina mostra preocupação com a diminuição que se tem verificado na eficácia dos antibióticos convencionais para combater as bactérias que causam infeções nos hospitais e diz que essa resistência se deve à toma desadequada de antibióticos pela população.
"É uma questão grave que, hoje em dia, lidamos nos hospitais - a questão de já não termos antibióticos que lidem com as bactérias e com os organismos que infetam as pessoas. Por isso, ouvimos muitas vezes falar de pessoas ficarem infetadas com bactérias multirresistentes e já não há muitos antibióticos que possam ser usados. Isso é uma questão, muitas vezes, de mau uso dos antibióticos na população em geral", alerta.
A sessão "Uma nova era de antibióticos" será apresentada pelo microbiologista francês Laurent Debarbieux, que é presidente da associação sem fins lucrativos PHAGE - grupo europeu para administração de fagos em humanos -, e pelo biólogo alemão Tim Clausen, que lidera uma equipa de investigação do Instituto de Patologia Molecular austríaca que estuda formas de degradação bacteriana.
Orbinski marca presença para debate sobre Medicina Humanitária
A participação do médico e ativista humanitário James Orbinski numa das sessões é um dos pontos altos da iniciativa que reúne os jovens estudantes. Orbinski era presidente dos Médicos Sem Fronteiras quando a organização recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 1999.
Ana Rita Soares explica a presença do médico ativista com a necessidade de responder ao contexto atual de instabilidade humanitária com mais solidariedade na medicina.
"Por isso, também, o trouxemos. Para falar um pouco da parte humanitária. Já sabemos que, hoje em dia, com a guerra na Ucrânia e com as crises migratórias, nós achamos pertinente ter uma palestra sobre a humanidade na medicina e o serviço que nós podemos prestar, em termos de solidariedade", esclarece.
James Orbinski vai partilhar o painel com o médico anestesista Gustavo Carona, que se dedica a missões humanitárias desde 2009.
O YES meeting é o congresso de estudantes de ciências biomédicas mais antigo em Portugal e junta aos estudantes professores universitários, investigadores e profissionais de saúde. O Presidente da República, a ministra da ciência, tecnologia e ensino superior e o ministro da saúde integram uma comissão de honra com 15 personalidades da sociedade civil e da área da saúde.