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A Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo (ILGA) lamenta que o Governo e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não tenham colocado a sua influência ao serviço dos direitos humanos, esquivando-se a uma posição "robusta" sobre situação no Qatar.
"É com profundo pesar que vemos Portugal a ter novamente uma posição dita 'neutra' sobre a defesa dos Direitos Humanos”, sublinha a associação de intervenção, esta quinta-feira, em nota publicada no Facebook.
A ILGA recorda que, no Qatar, a homossexualidade é punida por lei, bem como todas as demonstrações de orientações sexuais e identidades ou expressões de género não normativas, e que as pessoas LGBTQ+ "não estão seguras" naquele país. Por isso, lamenta que o Governo e a FPF não tenham colocado a "sua diplomacia e influência ao serviço dos Direitos Humanos, esquivando-se a uma posição robusta sobre a situação".
"Já contactámos a [FPF], com o apelo inequívoco a um posicionamento pró-direitos Humanos e LGBTI+. Gestos como o hastear da bandeira arco-íris na sua sede, momentos simbólicos antes e durante os jogos e a promoção de políticas de inclusão e diversidade no contexto do futebol nacional são iniciativas que a FPF pode promover para dar visibilidade e concretizar uma maior igualdade no desporto", salienta a ILGA.
A associação diz que a alegada abertura do Qatar a pessoas visitantes no contexto do Mundial "é mera retórica" e "nada indica" que a segurança das pessoas da comunidade LGBTQ+ venha a ser garantida.
"Relembramos também que a FIFA pretende que este seja um evento apolítico, mas, simultaneamente, tem excluído países da competição por motivos políticos ao longo dos anos", realça a ILGA, denunciando que o organismo e várias entidades envolvidas na promoção do evento "têm feito vista grossa" aos atropelos aos direitos humanos no Qatar.
A FIFA perdeu "a oportunidade para afirmar perentoriamente que as vidas das pessoas, e não só as das pessoas LGBTI+, valem mais do que os investimentos e patrocínios milionários que receberam", diz a ILGA.
Sete seleções europeias pretendiam utilizar, no Mundial, uma braçadeira de capitão com a inscrição "One Love" ("um amor"), em alusão à igualdade, mas a FIFA proibiu tal iniciativa, ameaçando com sanções. Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça dispensaram, então, os seus capitães do uso da braçadeira, mas referiram estar "frustrados" com a inflexibilidade da FIFA.
A Federação Alemã de Futebol (DFB) admite fazer queixa contra a FIFA no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), por proibir as seleções de defender a diversidade e os direitos humanos "com ameaças massivas de sanções desportivas, sem especificá-las". "A Federação está a verificar se essa ação é legal", explica Steffen Simon, porta-voz da DFB.
Na quarta-feira, no encontro de estreia no Mundial 2022, frente ao Japão, os jogadores titulares da seleção da Alemanha taparam a boca, na fotografia de grupo pré-jogo, em protesto contra a FIFA e o Qatar.
"Proibir a braçadeira é como calar as nossas bocas", sublinhou a DFB.