Os agricultores do centro do país estão a ser obrigados a regar as culturas devido à falta de chuva. Na região Oeste, que fornece mais de metade do que vai para o mercado nacional em termos de produtos hortícolas, muitos agricultores tiveram de ativar, antes do tempo, as estruturas de rega.
Em declarações à Renascença, Sérgio Ferreira, da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste, revelou que “estamos a utilizar água, recursos, que só utilizaríamos de abril ou maio em diante”. O que “permite estarmos a minimizar o impacto, apesar de estarmos a explorar o subsolo”, pois “grande parte das águas utilizadas na nossa região provem de captações subterrâneas.”
Quanto às culturas de sequeiro, “como estão preparadas para trabalhar de inverno”, os agricultores “não tinham estruturas de rega preparadas”, por isso, elas estão, nalguns casos, “a ficar extremamente afetadas”, correndo-se o risco “de se perder totalmente a cultura ou ter um impacto na qualidade do produto final.”
A situação é grave e, no Oeste, está a pôr em causa a sobrevivência dos agricultores.
Segundo Sérgio Ferreira, “alguns já estavam com muita dificuldade porque não conseguiram ganhar dinheiro na maioria das culturas de 2020 e 2021”, já que “o preço foi sempre baixo”. Por isso, “começam a ponderar” desistir da atividade “pois fazem as contas e não estão a ganhar dinheiro, estão a perder”.
Entretanto, os agricultores do Oeste aguardam a formação do novo Governo, para pedirem ao novo titular da pasta da agricultura ajuda, para implantarem o sistema de regadio numa área maior e agilizarem o licenciamento de charcas nas pequenas produções, de modo a reter a água para rega.
Em Santarém também se rega em fevereiro
Também os agricultores do distrito de Santarém se viram obrigados a arranjar uma solução para a falta de chuva.
Mário Antunes, da Agrotejo - União Agrícola do Norte do Vale do Tejo, disse à Renascença que “está a ser necessário regar culturas de outono/inverno instaladas” que “normalmente, com as chuvas habituais desta época, não era necessário regar”.
Também as que estão a ser instaladas estão a ser regadas. É o caso dos cereais de outono/inverno e da ervilha. “E as que não é possível regar, estão muito fracas”, acrescentou.
Nas culturas anuais, “prevê-se uma diminuição da produção” e, “nas culturas permanentes, já se nota algum perigo de morte”.
Tudo isto levará, “não temos dúvidas”, disse Mário Antunes, “a uma diminuição da produção e a um acréscimo significativo do custo destes produtos no mercado”.