O líder do Chega pediu, neste domingo, uma maioria clara na eleição da direção e da lista para o conselho nacional que apresentou. “Aqui a questão é: concordam ou não com o programa que apresentei em matéria do que queremos para Portugal, que é chegarmos ao Governo, ou se entendem que devemos ser uma espécie de Bloco de Esquerda à direita, com os 9%, 10%, que servimos só para protestar e para ir aumentando à custa do protesto e da crítica”, declarou.
“Eu acho que devemos arriscar, devemos querer ser Governo”, acrescentou aos jornalistas depois de terminadas as votações e durante a suspensão dos trabalhos para contagem de votos.
Face à acusação de que as listas para a direção e para o Conselho Nacional não são consensuais, André Ventura pede que se aguarde pelos resultados.
“Sempre que há alteração do número de pessoas, há mudanças e há pessoas que ficam mais descontentes do que outras”, afirmou, acrescentando que nota mais vontade de chegar ao Governo entre os militantes.
“Notei uma mudança de atitude do último congresso para este, acho que os congressistas estão mais abertos à ideia de sermos Governo, acho que todos perceberam e o nosso primeiro subscritor ao conselho nacional percebeu claramente e transmitiu essa ideia de que temos de ser Governo. O que eu espero é que os militantes percebam que queremos mesmo ser Governo e não estamos aqui só para folclore político e para criticar, como faz o Bloco de Esquerda”, reforçou.
André Ventura explicou também porque afastou três vice-presidentes – José Dias e Nuno Afonso entre eles e que saem com uma chuva de críticas ao líder.
“Houve mudanças e quando há mudanças há sempre resistência”, reage Ventura. “O que eu espero é que o congresso dê hoje um sinal muito claro de que está de acordo com estas mudanças que eu fiz”, declarou.
“Neste partido, o programa é votado ao mesmo tempo que se vota a direção, ou seja, é a escolha de um programa e de uma direção e eu tenho que me sentir reforçado, porque não posso estar a passar para o PSD e para os outros partidos à direita que temos uma linha clara e que não abdicamos dela e dentro do partido, o partido não dar essa maioria clara", defendeu.
O partido acima das pessoas e renovação foram as ideias base deixadas pelo líder do Chega.
“A razão [para a substituição dos vice-presidentes] não tem que ver com nenhuma alternativa política, tem a ver com a mensagem que também queremos passar: por um lado, renovação das pessoas que dão a cara pelo partido e de agradecimento, como eu fiz ontem, pelo trabalho que foi desempenhado, mas ao mesmo tempo renovar – mais jovens, mais mulheres. E era muito importante ter a presença de mulheres no órgão mais elevado do partido e como vice-presidentes, visto que os vice-presidentes não são um lugar eleito diretamente pelos militantes, são um lugar eleito pelos delegados”, sustentou aos jornalistas durante a suspensão dos trabalhos para contagem dos votos.
O congresso de Coimbra termina neste domingo com intervenção de fundo de André Ventura e conta com a participação do ex-ministro e dirigente italiano da Liga Norte, Matteo Salvini.
Entre os convidados institucionais para assistir ao encerramento do congresso estão o vice-presidente do PSD, António Maló de Abreu, João Paulo Mendes, do CDS, duas representantes da Presidência da República, a secretária do Conselho de Estado Rita Magalhães Colaço e a consultora de assuntos políticos Cláudia Ribeiro.
A Ordem dos Advogados também estará presente com dois convidados, tal como quatro convidados da Igreja Maná.