A autarquia de Terras de Bouro está a preparar a inscrição da Subida da Vezeira no Inventário do Património Cultural Imaterial.
“Ciente da importância destas tradições típicas das nossas gentes e enraizadas na nossa cultura, a autarquia tem em marcha a elaboração do dossier de caracterização desta prática com o objetivo da abertura do processo de classificação para a inscrição da “Vezeira” no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial Português”, esclarece a autarquia em comunicado.
A medida destina-se a “proteger manifestações em risco de desaparecimento a curto e médio prazo”, assinala a autarquia, acrescentando que “desta forma”, espera poder “ajudar a travar o declínio desta atividade tão importante e tão identitária das nossas populações, assumindo o município as ações de salvaguarda e valorização na edição de 2021”.
A subida do gado bovino, este ano, aconteceu a 17 de maio, embora o evento não tenha contado com as tradicionais festividades, devido à pandemia de Covid-19.
A "vezeira" é uma tradição ancestral que consiste na subida às serras do gado típico da região, para lá passar o verão, onde é guardado ‘à vez’ pelos proprietários. Habitualmente, os animais regressam às ‘terras-baixas’ em meados de setembro.
Dez cabeças de gado representam cinco dias de guarda. Os homens revezam-se nesta árdua tarefa de vigilância na terra, guardando os animais de toda a aldeia.Na serra, os animais andam de curral em curral à procura das verdejantes pastagens, típicas do Minho. Em cada curral, há um abrigo para o pastor, que lá cozinha à lareira, descansa e pernoita.
A prática comunitária permite assim que os criadores de gado poupem dinheiro na alimentação dos animais, uma vez que estes se alimentam nas pastagens serranas nos meses mais quentes do ano.
Se algum animal se perder na serra ou for vítima dos ataques do lobo, os pastores que fazem parte da "vezeira" contribuem com uma determinada quantia para ressarcir o dono do prejuízo.
O ponto alto da "subida da vezeira" é o desfile do gado pelo centro da vila do Gerês, numa espécie de "festa de despedida" que atrai cada vez mais turistas à vila termal.
Ao candidatar a tradição a património imaterial, a autarquia de Terras de Bouro está também a assumir a “dinamização das tradições como fator essencial do reforço da entidade cultural do Minho”.