Erdogan ameaça: Holanda vai "pagar o preço"
12-03-2017 - 15:04

As relações entre a Turquia e a Holanda estão cada vez mais tensas, depois da expulsão de vários ministros turcos que se deslocaram aos Países Baixos para fazer propaganda por Erdogan.

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O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, garantiu este domingo que “os Países Baixos pagarão o preço” pelo tratamento que estão a dar a vários políticos turcos.

Numa alocução em Istambul, Erdogan acusou o Governo holandês de um comportamento "nazi e fascista" depois da expulsão da ministra turca dos Negócios Estrangeiros que pretendia realizar uma reunião política.

Na sua opinião, o tratamento reservado à ministra e a outros responsáveis turcos na Europa traduziam um aumento “do racismo e do fascismo”.

O Presidente da Turquia agradeceu depois à França ter autorizado a visita do chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu.

A responsável política tinha previsto fazer um discurso de campanha na Holanda, no sábado, a favor do alargamento dos poderes constitucionais de Erdogan, mas o Governo holandês recusou-lhe a permissão de aterrar no país, o que iniciou uma crise diplomática entre os dois governos.

Também a ministra turca da Família foi expulsa da Holanda no sábado, depois de ter entrado de carro para participar numa reunião política e ter desafiado as autoridades holandesas, que tinham pedido a Ancara para que a ministra não visitasse Roterdão.

Este domingo, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse querer “acalmar a tensão” diplomática com a Turquia, mas ameaçou “responder com as medidas adequadas” se as autoridades turcas persistirem na sua atitude perante os Países Baixos.

“Se os turcos insistem em agudizar a tensão, responderemos adequadamente”, garantiu em plena campanha eleitoral para as legislativas, previstas para quarta-feira.

O primeiro-ministro adiantou ainda ter falado durante a noite “oito vezes por telefone” com o seu homólogo turco para tentar “chegar a uma solução de diálogo” com a Turquia, mas “a busca de uma solução razoável foi impossível”.

Este domingo de madrugada, o Governo holandês anunciou em comunicado que “no contacto mútuo com a Turquia, a Holanda deixou claro em várias ocasiões que não se devia comprometer a ordem pública e a segurança no país”, refere a imprensa local.

“Os ataques verbais por parte das autoridades turcas que se seguiram no dia de hoje são inaceitáveis”, rematou.

Do lado turco, o representante da diplomacia considerou “totalmente inaceitável” o que se passou no sábado, referindo-se à expulsão da ministra turca da Família, Fatma Betül Sayan Kaya.

Mark Rutte explica que “a sua presença era indesejável”, sendo que a polícia holandesa a tinha escoltado durante a noite até à fronteira com a Alemanha, por onde a ministra turca tinha entrado de carro, tentando ir até ao consulado turco em Roterdão para uma reunião de apoio ao referendo sobre o reforço dos poderes do Presidente, Recep Tayyip Erdogan, que a Turquia deve realizar a 16 de Abril.

Cerca de 400 mil pessoas de origem turca vivem nos Países Baixos e Ancara procura fazer campanha na diáspora turca na Europa antes do escrutínio.

Um milhar de pessoas, sobretudo com dupla nacionalidade, manifestaram-se no sábado à noite em frente ao consulado turco de Roterdão para protestar contra a interdição da entrada da ministra no consulado.

Incidentes opuseram manifestantes e polícia holandesa e, segundo os órgãos de comunicação holandeses, 12 pessoas foram detidas e um polícia ficou ferido com uma mão partida.